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No segundo dia de Encontro Selvagem, brasilidade em debate: a cerveja artesanal brasileira traça o caminho da originalidade

No segundo e último dia do Encontro do Mundo de Cervejas Ácidas Complexas Brasileiras e Sul-Americanas, o 2º Encontro Selvagem, a tônica foi a defesa enfática da necessidade de que o Brasil desenvolva cervejas regionais, com o “terroir brasileiro”, e desenvolva parcerias e colaborações com cervejeiros de outros países da América Latina para que, juntos, conquistem o intento.

O presidente da Abracerva, Gilberto Tarantino, destacou que a busca pela originalidade é o caminho para as cervejarias brasileiras.

“Não faz sentido chegar para o consumidor de outros países, europeus por exemplo, e oferecer cervejas Lager, Pale Ale ou outras variedades que eles sabem fazer muito bem. Ao mesmo tempo, o Brasil é um país que tem uma vastidão de sabores e aromas a explorar. Isso será fundamental para o nosso sucesso no futuro”, afirmou Tarantino.

Diego Simão Ratzki, cervejeiro e integrante da comissão organizadora do evento, igualmente destacou que o porvir das cervejas artesanais passa pela produção de cervejas que atraiam o consumidor do Exterior.

“É um caminho longo, mas o Brasil está muito bem posicionado para desenvolver cervejas que no futuro serão reconhecidamente brasileiras e vão conquistar outros paladares”, disse Ratzki.

As cervejas artesanais brasileiras ocupam 2% do mercado nacional e estão em franca ascensão na disputa pelo gosto do público no país, mas as ambições entre os produtores estão bastante elevadas. Como já dito, a busca por mercados no Exterior é uma obsessão e, para isso, a estratégia já está demarcada: a conquista da brasilidade. A cerveja chegou ao país por obra de povos europeus e nunca houve a oportunidade de cruzar essa cultura importada com a janela infinita de possibilidades dos nossos biomas.

Um destaque do evento em seu segundo dia foi a presença de representantes de outros países da América Latina. A Chicha de milho, muito comum especialmente entre os povos andinos, rendeu muito conhecimento aos cervejeiros brasileiros. Foi o caso da palestra “Chichas de milho e a identidade etílica peruana”, de Carla Cisneros Zuniga e Anderson Olarte Carpio. Os dois atuaram no projeto da cerveja Victoria, a primeira cerveja artesanal premium peruana à base de chicha de jora – o milho maltado. Eles relataram como se deu essa experiência, que começa a render sucesso e despertar a atenção dos bebedores de cerveja do Peru.

Considerando que cervejas são, basicamente, água, malte, lúpulo e levedura, as possibilidades de mexer no processo e estabelecer algo realmente novo se limitam a esses elementos. Nos dois dias de evento, se discutiu a malteação de diferentes cereais; se tratou da evolução progressiva do lúpulo nacional, algo impensável há uma década, e, claro, se debateu as leveduras. Alternativas à levedura da cerveja, a mais comum, estão na ordem do dia da busca pela originalidade.

Processos alternativos, desde o desenvolvimento de cervejas a partir de outras leveduras, como a “Brettanomyces”, até metodologias complexas que retiram leveduras de elementos variados e inusitados, como a casca de frutas e mesmo em madeiras, estão na ordem do dia. Profissionais da Química com gosto para o mercado cervejeiro e disposição para estudar são extremamente bem vistos e disputados.

“Um profissional que se utilize dos conhecimentos e saiba aplicá-los, tenha a cabeça aberta e disposição, sempre tem espaço de destaque”, acrescentou Ratzki.

A busca pela brasilidade, assim como se deu no Peru, se volta também em muito para os povos ancestrais do país e para os africanos que para cá foram trazidos.  É o caso de uma mesa de redonda intitulada “Bebidas fermentadas brasileiras de povos quilombolas” e outra, mediada pelo próprio Ratzki e que cruzou a latinidade e a busca pela cerveja do Brasil: a “O que esperar do futuro da cereja selvagem no Brasil e na América do Sul”.

Na solenidade de encerramento, ficou definido que o próximo Encontro Selvagem vai sair da cidade grande e vai para o campo. O universo das cervejarias no meio rural será contemplado na edição que virá. A representante do Sistema CFQ/CRQs, conselheira federal Suely Schuh, considera que o evento foi um sucesso e que o propósito do conselho será sempre estar em locais e eventos onde a Química está na pauta.

“Acredito que a partir de agora seremos parceiros, esse evento não acaba por aqui. Foi um maravilhoso evento e estaremos presentes onde a Química e seus profissionais estiverem. O mercado cervejeiro, como vimos aqui, é parte disso”. afirmou Suely.

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/no-segundo-dia-de-encontro-selvagem-brasilidade-em-debate-a-cerveja-artesanal-brasileira-traca-o-caminho-da-originalidade/

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