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Química Analítica Ambiental contribui no monitoramento de fatores ligados às questões sociais

No terceiro dia de atividades do X Encontro Nacional de Química Ambiental (ENQAmb), as discussões voltaram-se às questões de ordem social. O encontro ocorre na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e reúne estudantes e profissionais em palestras e conferências sobre a relação entre a Química e o Meio Ambiente. O Conselho Federal de Química (CFQ) apresenta um painel na quinta-feira (21).

Cenário na América Latina

Em um dos painéis da manhã, a professora Cassiana Carolina Montagner, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresentou os resultados de alguns trabalhos de pesquisa realizados sob sua orientação, os quais buscaram analisar o comportamento de pesticidas utilizados no Brasil e na América Latina.

A pesquisadora destacou que pelo menos 300 compostos são usados no Brasil, mas que apenas 10% deles são monitorados pelos órgãos governamentais. Na América Latina e Caribe, 70 compostos foram identificados em águas subterrâneas. Ela relatou sobre a dificuldade para se determinar a origem desses compostos no ambiente, dado que a concentração é da ordem de nanogramas por litro.

“Ainda assim, podem já causar efeitos que são negligenciados em tomadas de decisão”, disse Montagner. Além da concentração, a pesquisa do grupo de estudo, liderado pela profissional da química, ainda analisou a degradação desses compostos na água e no solo a fim de avaliar os riscos relacionados. “A gente precisa respaldar as discussões no âmbito do manejo sustentável e como os novos agrotóxicos estão atuando.” Ela lembrou que esse estudo é relevante diante da expansão do agronegócio no país, e que a Química sempre tem muito para contribuir nesses processos de avanço.


Plástico

Em uma videoconferência, o professor Walter Ruggeri Waldman, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mostrou alguns exemplos de técnicas para monitoramento de micro e nanoplásticos no ambiente. Ele ressaltou que ainda se sabe muito pouco sobre nanoplásticos e que seria muito bom que mais pessoas realizassem pesquisas científicas no tema. “É essencial conhecer mais sobre a natureza dos nanoplásticos para só então poder determinar seu real impacto ambiental”, frisou.

Ruggeri apresentou alguns estudos que o levam a concluir que, além dos próprios polímeros, os aditivos podem ser um bom tipo de marcador para determinar a concentração e potencialmente a distribuição espacial dentro de matrizes de interesse. “Quero recordar que os aditivos estão presentes em concentrações suficientes para serem usados como marcadores”, explicou o pesquisador, que estuda os nanoplásticos no acelerador de partículas da Unicamp, o Sirius.

Impacto social

No período da tarde, os debates se voltaram para o impacto social de desastres ambientais. O professor Josué Carinhanha, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), relatou o caso do “afundamento” de solo em Maceió. Ele monitora a situação na região.

O colapso da instabilidade do solo ocorreu como consequência da extração de sal-gema, e provocou a evacuação de moradores de alguns dos bairros da capital alagoana. Embora não tenha havido óbitos, Josué relatou que “muitas pessoas perderam suas casas, seus negócios, a relação de vida que tinham com o bairro e isso evidentemente afetou na saúde emocional”.

Os bairros afetados estão localizados próximo à Lagoa do Mundaú, local onde o grupo de pesquisa realiza análises da qualidade da água desde 2010. Durante as atividades de pesquisa, observou-se que no entorno da lagoa há 8 pontos de despejo de esgoto, industrial e doméstico.

“Se é possível deixar alguma mensagem, que a gente possa ter exemplos mas, sobretudo, que a gente possa colocar em prática, como cidadão e como cientista, ações que efetivamente possam levar a sociedade a um conceito de sustentabilidade que possa melhorar a vida dessas pessoas.”, refletiu Carinhanha.

Além dele, Alberto Fonseca, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ressaltou a importância das avaliações territoriais para evidenciar verdades ambientais. Fabiano Lara, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tratou da responsabilidade por mudanças climáticas e Cíntia Guimarães, da secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais, explicou sobre o gerenciamento de áreas contaminadas no estado. Esses locais têm alta concentração de compostos que causam danos. Para tanto, são fixados valores de referência e os resultados das análises direcionam as ações de prevenção ou investigação.

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/quimica-analitica-ambiental-contribui-no-monitoramento-de-fatores-ligados-as-questoes-sociais/

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