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Pesquisadores de Química criam recipiente que reduz geração de lixo no preparo de café

Cada brasileiro gera cerca de 500 gramas de lixo por dia.

Cada brasileiro gera cerca de 500 gramas de lixo por dia. O dado, retirado de uma pesquisa da Fiocruz, pode remeter a uma quantidade pequena, mas esse número pode chegar a milhões de toneladas de resíduos gerados, principalmente se for considerado que Brasil tem hoje 215 milhões de habitantes (IBGE, 2022). Pensando nisso, o Departamento de Química da Universidade Federal da Paraíba (DQ/UFPB) criou um dispositivo que pode reduzir a quantidade de lixo produzido no planeta.

Um dos criadores da caneca que dispensa o uso de coador no preparo de bebidas de infusão (imersão de ingredientes na água), como café e chá, é o professor do Departamento de Química da UPFB Afrânio Gabriel da Silva. O profissional é graduado em Química, possui bacharelado em Química Industrial, e pós-graduação e doutorado na área.

“O objetivo principal é tomar um café em quantidades pequenas e não gerar resíduos do tipo polímero (plástico), como o filtro, que tem um tempo muito longo de decomposição. Os polímeros levam cerca de 450 anos para se decompor na natureza, e isso é muito tempo. Além disso, quero proporcionar uma experiência para quem gosta de um bom café”, destaca o pesquisador.

Ele reforça que o lixo gerado pelos filtros de café não pode ser reciclado. “Os filtros de papel se tornam lixos e ficam dispostos nos aterros sanitários. Eles têm uma mistura de polímeros, ficando muito tempo na natureza. Já os de pano podem acumular sujeira e proporcionar o desenvolvimento de bactérias, além de causar doenças”, alerta.

O primeiro protótipo da caneca tem 250ml e foi criado com material do tipo polipropeno, um polímero termoplástico reciclável. “Essa caneca inicialmente foi pensada em plástico para permitir a prototipagem em impressoras 3D. Ela poderá ser reproduzida também em vidro, cerâmica ou louça”, adianta o professor.

As paredes do recipiente são ocas, sem o fundo interno. Isso permite, segundo Afrânio, que o pó do café fique retido nessa parede e que o usuário beba apenas o líquido. “Imagine que o pó de café tem uma densidade maior que a solução de café e água, as substâncias insolúveis são o próprio pó. Então o princípio desse dispositivo é que, por ação da gravidade, o pó se deposita no fundo do recipiente. Há uma parede dupla e sem o fundo interno. Quando você inclina a caneca, o pó que está no fundo vai para dentro das paredes. Dessa forma, você ingere somente o líquido. É extremamente simples”, explica.

Desperdício
Além de reduzir a produção de lixo e apreciar um bom café, Afrânio da Silva destaca que o recipiente pode gerar economia para os consumidores. “Quando desejamos tomar um café, temos que preparar uma quantidade grande, usar filtro, garrafa térmica e, na forma atual, fica difícil preparar uma quantidade menor. Por outro lado, alguns precisam ter equipamento, essas máquinas de café com cápsulas, e podemos ficar refém. Elas também têm resíduos, pois o polímero da cápsula normalmente não é reciclado por estar impregnado com o pó da bebida. Então pensei nessa facilidade de tomar café em pequena quantidade, sem precisar coar, e que desse ao usuário independência de máquinas, equipamentos, cápsulas”, resume.

O professor disse, ainda, que pretende empreender futuramente. “Não pensei ainda em lançar o dispositivo para o público em geral, mas poderia até disponibilizar a patente ou a licença para pessoas ou indústrias, ainda não pensamos nisso. Ao projetar nesse recipiente, imaginei também que outras pessoas poderiam ter o prazer de tomar um bom café a qualquer hora, fazer isso em quantidades mínimas e, ao mesmo tempo, não produzir lixo”, conclui.

De acordo com números da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), a expectativa é da produção de mais de 60 milhões de sacas de café em 2022 e de crescimento de 1,7% no consumo anual da bebida no Brasil.

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/pesquisadores-de-quimica-criam-recipiente-que-reduz-geracao-de-lixo-no-preparo-de-cafe/

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