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Brasil importa menos produtos químicos, mas gasta mais em 2022

Preços de importados foram muito mais altos no ano passado, o que levou o país a ter um déficit recorde de US$ 63 bilhões

Profissionais usam muitos insumos importados na Indústria Química no Brasil — Foto: AGÊNCIA SAÚDE/DIVULGAÇÃO



O Brasil importou US$ 80,3 bilhões (R$ 416 bilhões) em produtos químicos em 2022, maior valor em importações ao longo de toda a série histórica de acompanhamento da balança comercial do segmento, que começou em 1989. Esse valor total equivale à aquisição de 57,4 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (23) pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Na comparação com os resultados de 2021, ano em que havia sido registrado, até então, o maior déficit no histórico da balança comercial de produtos químicos (de US$ 46,2 bilhões), foi registrada uma expressiva elevação, de 32,3%, nos valores importados, em que pese uma redução de 5,1% nas quantidades físicas adquiridas. 

No consolidado de 2022, foram registrados relevantes aumentos de valores importados em praticamente todos os grupos de produto, com destaques de 75,1% em defensivos agrícolas, de 63,2% em produtos químicos inorgânicos (sobretudo intermediários para fertilizantes) e de 27,9% em produtos químicos orgânicos diversos. 


Em relação aos principais vendedores de produtos químicos para o Brasil, houve um crescimento de 38% das compras de países asiáticos, excluindo o Oriente Médio, ao passo que o aumento médio das importações de todas as demais origens, no ano, foi de 30%. A situação evidencia ainda mais a condição de tal região como principal fornecedora de produtos químicos para o Brasil (importações de US$ 24,3 bilhões) e com a qual se registra o maior desequilíbrio comercial setorial (déficit de US$ 22,4 bilhões).


As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, de US$ 17,3 bilhões (R$ 89,6 bilhões), em 2022, tiveram um crescimento de 19,5% na comparação com o ano anterior, em grande medida resultado devido ao aumento de 23,7% dos preços médios e à satisfatória performance nas vendas aos países europeus e latino-americanos, mesmo com as dificuldades econômicas de alguns vizinhos do Mercosul. 


Em termos de quantidades físicas, foram movimentadas 15,6 milhões de toneladas para os mercados de destino, redução de 3,4%, com quedas consideráveis nos volumes exportados de aditivos de uso industrial (-15,7%), de produtos petroquímicos básicos (-30,8%) e de resinas termoplásticas (-2,4%).

O déficit na balança comercial de produtos químicos totalizou o recorde de US$ 63 bilhões (R$ 326,3 bilhões) em 2022 – valor 36,4% superior ao total registrado em 2021, até então recorde de US$ 46,2 bilhões –, mais do que o dobro daquele registrado no período prévio à pandemia da Covid19 (de US$ 31,5 bi em 2019). 


Avaliando-se as trocas comerciais com os principais blocos econômicos regionais, em 2022, o Brasil foi superavitário apenas em relação aos vizinhos e históricos parceiros comerciais do Mercosul e da América Latina, respectivamente saldos comerciais de US$ 1,5 bilhão e de US$ 28 milhões.

Entretanto, foram novamente registrados resultados negativos expressivos em relação à União Europeia e ao Nafta (América do Norte), que somados ultrapassaram um déficit agregado de US$ 25 bilhões, além do mencionado crescente desbalanceamento com a Ásia (déficit com essa região se amplia de US$ 16 bilhões, em 2021, para US$ 22 bilhões, em 2022).

Para a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna, as principais economias globais têm estabelecido robustas políticas de desenvolvimento industrial, especialmente pós covid-19, destinando importantes recursos  para o fortalecimento da competitividade doméstica de seus países e atração de novos investimentos por meio de programas de fomento produtivo, de sustentabilidade, de fortalecimento de cadeias estratégicas, de desenvolvimento tecnológico/modernização industrial e até mesmo de segurança de abastecimento. 


“Precisamos aprender rapidamente com os exemplos da experiência internacional que estão dando certo. Casos como os Estados Unidos, em especial com políticas que foram implementadas e que já resultaram em mais de US$ 200 bilhões de investimentos, e da Índia, que pensando o setor de uma maneira estratégica estabeleceu plataformas regionais de investimento produtivo que, em menos de uma década, já a colocaram entre as 10 maiores indústrias químicas no mundo, mostram que é agora o momento mais adequado para o Brasil customizar uma Política Industrial Setorial baseada nas vantagens comparativas brasileiras, fortalecendo a competitividade doméstica e viabilizando um cenário favorável ao desenvolvimento sustentável”, destaca Fátima Giovanna.



Por O TEMPOPublicado em 23 de janeiro de 2023 | 14h26 - Atualizado em 23 de janeiro de 2023 | 16h57

Fonte: https://www.otempo.com.br/economia/brasil-importa-menos-produtos-quimicos-mas-gasta-mais-em-2022-1.2802497

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