A busca por soluções que equilibrem desenvolvimento econômico, preservação ambiental e qualidade de vida se tornou imperativa para manutenção e evolução da sociedade. E cada vez mais consciente, o consumidor tem optado por não consumir produtos que impactem negativamente o meio ambiente. Por essa razão, tanto os profissionais quanto as indústrias da área da Química têm buscado desenvolver pesquisas, processos e produtos respeitando os conceitos de sustentabilidade.
Reduzir o impacto ambiental e ajudar a conservar os recursos naturais para as gerações futuras também têm sido um grande desafio para o setor agrícola. Com base nisso, professores do Instituto de Química (IQ) da Universidade da Brasília (UnB) desenvolveram um biofertilizante que pode revolucionar a agricultura brasileira e mundial. Isso porque o produto é um bioestimulante atóxico, biocompatível, não bioacumulável, biodegradável e luminescente.
Iniciada em meados de 2015, a pesquisa recebeu validação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e conta com a participação dos professores Brenno Amaro (IQ-UnB), Jader Busato, (Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – UnB), Marcelo Henrique Sousa (UnB – campus Ceilândia) e Daniel Zandonadi (UFRJ).
Segundo o professor Marcelo Oliveira Rodrigues, essa tecnologia 100% brasileira, batizada de arbolina, é capaz de enriquecer alimentos com micro e macro nutrientes e aumentar as produções de diversas culturas em até 40%.
A arbolina é formada de carbono orgânico, sendo a sua base carbono, oxigênio e nitrogênio. Essa nanopartícula atua no metabolismo da planta, identificando as proteínas chaves que permitem que ela consiga explorar seu potencial genético. O professor explicou, ainda, que ela tem o efeito de mexer na polarização da membrana plasmática da célula, levando os princípios ativos da arbolina para dentro dela sem gasto energético, estimulando proteínas de transporte e controlando o gasto de energia da planta. Essa economia de energia dá força para que a planta cresça e frutifique com maior robustez e qualidade.
“Solidificamos a base do metabolismo e, com outros produtos complementares à arbolina, ativamos uma reação que, cada vez mais, melhora a escalada de produtividade. Com isso, o biofertilizante contribuiu no aumento da fotossíntese, da raiz da planta e na melhoria da absorção de nutrientes”, disse Rodrigues. Foram observados aumentos significativos de nutrientes como zinco, ferro, fósforo e enxofre. “A planta cresce e trabalha de forma mais eficiente e, consequentemente, o resultado vem.”
O biofertilizante foi utilizado em plantações de tomate, feijão, morango, algodão, milho, soja, café, laranja, cana-de-açúcar, cacau e melancia, entre outros, e todos os resultados foram promissores.
O professor explicou ainda que, além de ter um custo considerado baixo, o biofertilizante traz maior lucratividade para o produtor. Para se ter uma ideia, Rodrigues citou uma produção de tomate em que, com o biofertilizante, foram entregues 250 caixas a mais do fruto por hectare, representando um ganho extra de R$ 12 mil. “A cada R$ 1 investido com arbolina nessa produção de tomate, o produtor teve um retorno de R$ 49”, contou.
Trata-se de uma tecnologia que aumenta a margem do produtor e acaba gerando uma reação em cadeia, pois ajuda a fortalecer a economia local, gerando emprego e renda, oferecendo à sociedade alimento mais robusto e nutritivo, além de melhorar a qualidade dos produtos derivados e sem comprometer o meio ambiente.
E esse biofertilizante tem grande potencial para mais: na preservação das florestas. “Se a gente conseguiu alterar a taxa de crescimento das plantas, por que não fazer isso em árvores e começar a recuperar áreas degradadas? Se forem recuperadas, não precisaríamos mais derrubar árvores”, afirmou o Químico.
Para Rodrigues, essa tecnologia mostra como a Química é a ciência mais importante na manipulação da matéria. “Se buscamos a sustentabilidade, precisamos melhorar a eficiência e otimizar processos usando Química. Ela pode trazer benefícios à sociedade, tudo depende de para onde é direcionado. Não existe mais o espaço de desenvolver tecnologia sem se importar com as consequências, visando só ao lucro. O consumidor hoje em dia consegue ditar o que ele quer, e ele não quer ver o meio ambiente sendo destruído. A ciência tem que trabalhar em favor da sociedade”.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/quimicos-da-unb-desenvolvem-biofertilizante-nanotecnologico-que-pode-revolucionar-a-agricultura/
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