Celebrado em 7 de maio, o Dia Mundial da Espondilite Anquilosante foi instituído para conscientizar a população a respeito dos sinais e sintomas dessa doença autoimune crônica. Uma curiosidade sobre o seu tratamento é que os primeiros medicamentos específicos foram elaborados com uma técnica que rendeu o prêmio Nobel de Química a três cientistas em 2018.
Chamada de “evolução dirigida”, essa técnica tem sido usada desde a década de 1990 para isolar moléculas úteis contra doenças autoimunes, vários tipos de câncer e bactérias. Em 2002, o Adalimumab (Humira), um agente terapêutico produzido por esta técnica, foi aprovado pelas agências europeias e americanas para o tratamento da artrite reumatóide. Posteriormente, o medicamento foi liberado para lúpus, espondilite e outras doenças autoimunes.
Química sustentável
A “evolução dirigida” revolucionou a forma como as enzimas – as proteínas que catalisam reações químicas – podem ser moduladas. Atualmente, elas são utilizadas em centenas de laboratórios e empresas espalhados pelo mundo para produzir uma variedade de compostos, como detergentes, biocombustíveis, ingredientes farmacêuticos ativos (IFA’s), vacinas e no desenvolvimento de novos materiais. As enzimas geradas a partir da evolução dirigida têm substituído reagentes tóxicos em muitos processos industriais e contribuído para o desenvolvimento de uma Química mais ambientalmente sustentável.
Trata-se de um método cíclico que imita a evolução natural. O potencial de benefícios e retorno para a sociedade possibilitados pelo desenvolvimento dessa técnica foi evidenciado pelo Prêmio Nobel de Química em 2018. Os cientistas ganhadores desse prêmio, por estudos científicos pioneiros na área de enzimas e anticorpos, foram Frances Arnold, do Instituto de Tecnologia da Califórnia; George Smith, da Universidade do Missouri; e Gregory Winter, do Laboratório de Biologia Molecular MRC, do Reino Unido.
Ph.D. em Engenheira Química, Frances Arnold foi a quinta mulher a ganhar um Nobel de Química. A Academia Real das Ciências da Suécia informou que a cientista transformou a Ciência ao usar os princípios da evolução – mutação genética e seleção – para desenvolver a técnica da “evolução dirigida”. E isso possibilitou a geração de proteínas e enzimas sintéticas de forma muito mais rápida, econômica e sustentável. Além disso, sua pesquisa sobre enzimas estabeleceu fundamentos para o desenvolvimento de vários fármacos e medicamentos que hoje são utilizados no tratamento e controle de várias doenças.
Espondilite Anquilosante
A espondilite anquilosante é um tipo de inflamação que afeta os tecidos conjuntivos e pode começar com uma dor persistente nas costas. Caracteriza-se pela inflamação das articulações da coluna e das grandes articulações, como quadris, ombros e outras regiões.
Alguns pacientes sentem-se cansados, perdem apetite e peso e podem ter anemia. A inflamação das articulações entre as costelas e a coluna vertebral pode causar dor no peito, que piora com a respiração profunda, sentida ao redor das costelas.
No início, a espondilite anquilosante costuma causar dor nas nádegas, possivelmente se espalhando pela parte de trás das coxas e pela parte inferior da coluna. Um lado é geralmente mais doloroso do que o outro.
Embora não exista cura para a doença, o tratamento precoce e adequado consegue tratar os sintomas – inflamação e dor –, estacionar a progressão da doença, manter a mobilidade das articulações afetadas e manter uma postura ereta.
A doença tende a ser menos ativa conforme a idade avança, mas o paciente deve estar consciente de que o tratamento precisa durar para sempre. Ele engloba o uso de medicamentos, fisioterapia, correção postural e exercícios adaptados a cada paciente.
Quando o quadril é afetado, pode ser realizada uma operação denominada artroplastia do quadril, que se faz consideravelmente útil na liberação dos movimentos.
Com informações do Notal Alta ESPM (via Valor Econômico), BBC News Brasil, Química Nova (Teixeira & Milagre, 2020) e Fiocruz
Imagem: Niklas Elmehed © Nobel Media
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/como-nobel-de-quimica-contribuiu-para-tratamento-da-espondilite-anquilosante-e-de-outras-doencas-autoimunes/
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