O workshop “Limpando conceitos, clareando ideias!” foi apresentado na 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ) e divulgou direcionamentos a professores, estudantes, empresas e Profissionais da Química sobre a importância de alertar sobre os riscos das misturas caseiras. Este é mais um desdobramento da ação “Mistura Explosiva”, iniciativa do Sistema CFQ/CRQs em parceria com a Associação Brasileira de Indústrias e Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes (ABIPLA), que surgiu diante da necessidade de combater a desinformação constatada a partir do grande volume de informações errôneas e perigosas na internet.
A chefe da Assessoria de Comunicação do CFQ, Jordana Saldanha, iniciou a apresentação enfatizando que a melhor forma de convencer os jornalistas e a sociedade foi pensar em uma estratégia lúdica, e que isso resultou no jogo “Mistura Explosiva”. Ela ainda apresentou um vídeo que resume uma ação realizada no Rio de Janeiro, que contém entrevistas e depoimentos sobre o tema.
“Os depoimentos sobre pessoas que tentaram essas misturas em casa é uma parte muito rica nessa divulgação, pois em todas as nossas ações ouvimos muito da sociedade o que eles já fizeram ou que já viram as pessoas fazendo, e o importante é que nessa prospecção as pessoas aprendam”, disse Jordana.
Quem deu continuidade à discussão foi o diretor executivo da ABIPLA, Paulo Engler, que explicou o papel da entidade e trouxe dados significativos sobre o consumo de produtos de limpeza e saneantes de Brasil.
De acordo com Paulo, cerca de R$ 10 bilhões de reais por anos giram na casa das pessoas em misturas incorretas de produtos de limpeza, e isso causa diversos danos, sobrecarrega o Sistema Único de Saúde (SUS) e desenfreia a desinformação, propagando cada vez mais o problema.
Ele ainda concluiu que tem mercado e espaço, mas falta renda que conquiste o poder aquisitivo necessário para elevar essa média. Isso resulta em procura pelo mercado clandestino, mesmo em um cenário em que a inflação tenha sido repassada em escala menor do que em outros setores do mercado brasileiro durante a pandemia.
“O que faz com que a população procure o produto pirata é o preço e a falta de renda da população. Em 2020, quando tivemos o auxílio emergencial, tivemos um aumento de produção de 5,7%. As pessoas usavam um terço desta renda para os produtos de limpeza, enquanto os outros dois terços eram usados para o consumo de alimentos. Com o cessamento do benefício, voltamos a ter uma queda de consumo no setor de saneantes e, por isso, entendemos que o produto informal está ligado à questão de renda da população”, completou Paulo.
Na sequência, o conselheiro federal Ubiracir Lima explicou os aspectos da vigilância sanitária que englobam a regulação dos produtos saneantes, incluindo uma explicação sobre a eficácia, como a reação química desejada, e os riscos, como uma reação inesperada. Ele ainda enfatizou a importância de ter um ambiente controlado para que misturas sejam realizadas, e isso invalida qualquer atividade fora de um laboratório.
“Os riscos não são os mesmos, ao contrário dos perigos, que aí sim são os mesmos. Dentro do laboratório o risco de manipular uma substância química é minimizado, já que qualquer gás gerado possui um exaustor para que não entre em contato diretamente com o profissional que está manipulando, além dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)”, explicou Ubiracir.
Para finalizar, o conselheiro federal Jonas Comin destacou a importância dos Profissionais da Química no segmento de saneantes, enfatizando o alerta técnico sobre as misturas caseiras.
“O projeto ‘Mistura Explosiva’ mostra os riscos envolvidos nessas misturas. Quando pego um produto pronto, como uma água sanitária e um desinfetante, que já foram testados e aprovados para aquela finalidade, e misturo os produtos, eu gero um produto novo. A partir disso, tenho uma nova reação química, que pode ser um pouco mais simples ou um pouco mais complexa, que consequentemente pode gerar um risco para a saúde, como uma intoxicação ou problema de pele”, concluiu Jonas.
Os participantes da 46ª RASBQ, que acontece de 28 a 31 de maio em Águas de Lindóia, São Paulo, têm como público-alvo estudantes, empresas, e profissionais da área Química e, ainda de acordo com Jordana Saldanha, “trazer esse alerta para esse ambiente é promover uma informação de qualidade e formar opinião de quem pode propagar e ajudar nesse combate à desinformação”.
SBQ
O tema da 46ª Reunião Anual da SBQ, “Química: Ligando ciências e neutralizando desigualdades”, propõe aos participantes várias reflexões sobre as desigualdades observadas, em diferentes níveis, de como as ciências e principalmente a Química podem contribuir para a sua mitigação. A escolha do tema foi pensada na celebração dos 100 anos das principais teorias ácido-base.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/46a-rasbq-sistema-cfq-crqs-conquista-aliados-da-quimica-em-combate-a-desinformacao-sobre-misturas-caseiras/
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