Sabe aquela receita caseira que mistura diversos produtos de limpeza para “turbinar” a faxina ou então aquele post nas redes sociais que afirma que o álcool em gel não é tão eficaz assim? Essas e tantas outras desinformações podem até parecer inofensivas, porém, se levadas a sério, podem causar sérios riscos à saúde ou até mesmo levar à morte. Mas por que esse tipo de conteúdo ainda faz tanto sucesso na internet em pleno século XXI?
Não é de hoje que notícias falsas, mais conhecidas como fake news, invadem nossas casas e telas do computador ou do celular. Apesar de haver registros dessas desinformações mesmo antes do nascimento de Jesus Cristo, foi em 2016, durante a campanha presidencial nos Estados Unidos, que elas se tornaram cada vez mais populares.
Em 2020, no início da pandemia de Covid-19 no Brasil e em outros países, o Conselho Federal de Química (CFQ) observou que explodiram casos de “misturinhas” de produtos de limpeza com outros compostos, além de informações desencontradas sobre a eficácia do álcool em gel. Com uma doença até então misteriosa – e fatal –, o número de postagens, vídeos e promessas de limpeza e desinfecção mais eficazes se tornou mais frequente.
“A pandemia de Covid-19 foi um dos períodos em que mais tivemos registros de desinformações nesse sentido. Muitas pessoas fizeram o isolamento em casa e, na tentativa de prevenir um vírus ainda desconhecido para todos, elas acreditaram em muitas receitas de misturas com produtos de limpeza e outras substâncias. Muitas pessoas, inclusive, se passaram por Profissionais da Química para atestar que a informação era segura, mas não era”, lamentou José de Ribamar de Oliveira Filho, presidente do Conselho Federal de Química.
No ano passado, órgãos como Supremo Tribunal Federal (STF) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ) intensificaram campanhas contra a desinformação, principalmente perto do período eleitoral. E o Conselho Federal de Química não ficou de fora. Durante a pandemia, o Sistema CFQ/CRQs (que reúne o Conselho Federal e os 21 Conselhos Regionais de Química) intensificou a campanha contra a desinformação acerca de vacinas, álcool gel, misturas caseiras de saneantes e sobre a Química em geral, entre outros.
A partir daí, o Sistema CFQ/CRQs resolveu criar a Central de Informações da Química (CIQ), um Hub de Combate à Desinformação que reúne ações e parceiros que prezam pela verdadeira informação.
“Nossa missão principal é assegurar a Química como uma força motriz de desenvolvimento da nação e proteger a sociedade. O trabalho de combater a desinformação já é feito há muito tempo pelo Sistema CFQ/CRQs, mas a CIQ será uma forma de reunir esses registros e contar com o apoio de nossos parceiros para levar cada vez mais informação de qualidade para a população”, completou Oliveira Filho.
Para a chefe da Assessoria de Comunicação Social do CFQ, Jordana Saldanha, o Hub de Combate à Desinformação vai reforçar a importância de disseminar conhecimento com base na Ciência e nas evidências.
“A CIQ veio reforçar que o Sistema é porta-voz da Ciência – e, sendo porta-voz da Ciência, é também porta-voz da boa informação. Durante a pandemia, surgiram muitas desinformações a respeito da vacina ou do uso do álcool em gel, por exemplo. Enxergamos uma oportunidade de agir não só para combater especificamente essa desinformação, mas como parte da estratégia de ser porta-voz da Ciência e da Química no Brasil de forma perene”, afirmou.
Projeto
A Central de Informações da Química é uma iniciativa do Sistema CFQ/CRQs em parceria com associações, fundações, confederações, agências reguladoras, indústrias, profissionais do setor, imprensa, universidades, entidades que dialogam com o Sistema e sociedade. Foi pensado ainda em 2020, quando teve início a pandemia de covid-19 no Brasil e no mundo.
A partir de denúncias feitas por Profissionais da Química e pela sociedade, o Hub começou como uma forma de combater a desinformação que surgia em meio à doença que vitimou quase 700 mil pessoas só no Brasil. Por meio de uma informação equivocada de uma pessoa que não era da área da Química, em que afirmava que o álcool gel não era eficaz para desinfetar superfícies contaminadas pelo vírus, o Sistema CFQ/CRQs enxergou uma oportunidade de combater essa e tantas outras desinformações de forma continuada.
Foi durante a pandemia que surgiram também as conhecidas “misturinhas” caseiras: com a permanência em casa para evitar a disseminação do vírus, muitas pessoas acreditaram que misturar produtos de limpeza traria mais eficiência na desinfecção de mãos, objetos e superfícies.
Isso porque, o período considerado um dos mais difíceis para a saúde pública no Brasil, foi também um dos mais propícios para se espalhar desinformação. Por isso, o Sistema CFQ/CRQs mostrou-se atento a todo esse movimento e colocou-se, naquele momento, à disposição da sociedade, da indústria, de empresas, de profissionais e de agências verificadoras de notícias, tudo para combater esse mal, recepcionando denúncias que chegavam ou atuando de forma proativa.
A partir desse movimento, e por ser uma entidade isenta para conversar sem vieses com a sociedade, o Sistema CFQ/CRQs quer agora se tornar um Hub de Combate à Desinformação, reunindo ações e parceiros que prezam pela verdadeira informação.
Parceria
Entre os diversos parceiros do Sistema CFQ/CRQs na CIQ, está a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes (ABIPLA). Foi com ela que o Sistema CFQ/CRQs lançou, em 2022, a iniciativa “Limpando conceitos, clareando ideias!” e o jogo Mistura Explosiva, a fim de conscientizar a população sobre os riscos de misturas caseiras de saneantes.
“Os produtos de limpeza informais criam uma falsa sensação de economia, mas nós não sabemos a composição deles e nem se há um profissional capacitado para realizar sua manipulação. Com isso, aumenta-se o risco de termos um produto ineficaz e que cause intoxicações ou queimaduras, principalmente em crianças, já que muitas dessas embalagens reutilizadas lembram refrigerantes e podem induzir a criança a beber”, destacou Juliana Marra, presidente da ABIPLA.
A mistura caseira de saneantes será apenas um dos diversos tipos de registros que a Central de Informações da Química poderá receber. Será possível denunciar uma desinformação a respeito da área por meio da CIQ, que já tem lançamento oficial previsto para junho. E a data não foi escolhida à toa. A Lei Mater do Químico (Lei nº 2.800/56), lançada em 18 de junho, é também a data em que se celebra o Dia do Químico.
“Além de levar boa informação à população, queremos também desmistificar a Química e o trabalho do Profissional da Química. Nosso objetivo com o Hub, e com todas as outras ações do Sistema CFQ/CRQs, é combater também o desconhecimento em torno do setor. Queremos mostrar que a Química está em tudo, inclusive na forma de proteger a sociedade dos perigos da desinformação”, concluiu José de Ribamar Oliveira Filho.
Na lista de parceiros da iniciativa do Sistema CFQ/CRQs, entram também a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); a Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (APRAG); a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) e a plataforma de criação e compartilhamento de vídeos curtos TikTok, além de outras associações, fundações, confederações, indústrias, profissionais do setor, imprensa, universidades, entidades que dialogam com o Sistema e sociedade.
Acesse a matéria na revista Química e Derivados, edição 645 de 18 de junho.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/conselho-federal-de-quimica-apresenta-hub-de-combate-a-desinformacao/
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