Institucional
Notícias

Livro conta a trajetória da mãe da edição genética

Biografia da prêmio Nobel Jennifer Doudna traz panorama sobre os avanços recentes da genética.

Biografia da prêmio Nobel Jennifer Doudna traz panorama sobre os avanços recentes da genética e os bastidores e rivalidades no mundo das pesquisas Uma das cientistas responsáveis pelo desenvolvimento do CRISPR, a mais promissora ferramenta de edição do DNA da atualidade, a americana Jennifer Doudna estrela o novo livro do escritor Walter Isaacson. Muito além de uma biografia da vencedora do prêmio Nobel de Química de 2020, a obra traça um panorama, cheio de personagens e bastidores, do método que pode representar a cura de doenças e mexer com o futuro da nossa espécie.

A Decodificadora

Autor: Walter Isaacson

Editora: Intrínseca

Páginas: 576

Mapeamos, a seguir, oito pontos para você conhecer melhor essa história.

RNA, o astro bioquímico

É assim que Walter Isaacson, um dos mais proeminentes biógrafos dos nossos tempos (ele contou a vida de Leonardo da Vinci e Steve Jobs), se refere a essa molécula que durante décadas foi ofuscada pelo DNA. Na verdade, existem vários tipos de RNA nas células, e são eles que botam a mão na massa para que a receita dos genes se materialize em proteínas e ganhe funções no organismo. Os trabalhos da bioquímica Jennifer Doudna foram essenciais para entendermos a configuração e o papel dos RNAs.

O "corta e cola" genético

A protagonista de A Decodificadora foi uma das mentes por trás das descobertas que levaram à criação do método CRISPR. Ele consiste no uso de moléculas (entre elas um tipo de RNA) para realizar uma edição precisa no genoma. Ao lado de outros cientistas, como a francesa Emmanuelle Charpentier, Jennifer demonstrou que esse truque alçado a ferramenta terapêutica seria um jeito mais fácil e viável de alterar genes específicos e defeituosos. Pelo feito, as duas levaram o Nobel de Química de 2020.

Continua após a publicidade

Inspiração na natureza

Jennifer e companhia não tiraram um coelho da cartola. Os experimentos que desembocaram no CRISPR - e que envolvem outros times de estudiosos pelo mundo - partiram da observação de que bactérias possuem a habilidade de localizar e desativar genes de vírus capazes de infectá-las. Foi uma estratégia desenvolvida há milênios por esses micro-organismos para se defender e que os cientistas conseguiram identificar e reproduzir em laboratório.

Cooperação e competição

A obra de Isaacson é marcada por trabalho em equipe e uma corrida entre pesquisadores e instituições para saber quem mostraria primeiro o potencial do CRISPR. É que as experiências de Jennifer e Emmanuelle representaram a prova de conceito em tubos de ensaio. O passo seguinte era apresentar ao mundo que isso funcionava em células humanas. A missão levou Jennifer e estudiosos concorrentes a uma disputa acadêmica e mercadológica que, no final, rendeu frutos em tempo recorde.

O método vai à prova

A etapa seguinte para cravar a segurança e a eficácia do CRISPR seria testá-lo em seres humanos. Imagine poder curar doenças genéticas que impõem danos incalculáveis à qualidade de vida de seus portadores! De olho nisso, universidades, startups e farmacêuticas passaram a montar e estudar soluções baseadas nesse método. Hoje, o CRISPR tem sido empregado com sucesso no tratamento da anemia falciforme, por exemplo.

Os bebês CRISPR

A edição genética abre caminho a duas linhas de intervenção. A primeira é modificar o DNA para controlar doenças em alguém que convive com elas (ou tem propensão). O segundo seria interferir nos genes de embriões para impedir que crianças venham a ter determinada condição. Foi o que um cientista chinês fez, sem consentimento e apoio em protocolos éticos internacionais. Ele "retirou", de filhos de pais com HIV, um gene que dá suscetibilidade à infecção. A controvérsia foi grande!

Dilemas éticos

O caso dos bebês chineses geneticamente editados - os primeiros do planeta - aprofundou a discussão sobre o que se poderá ou não fazer com o CRISPR. Porque, como Isaacson argumenta no livro, há uma linha tênue entre o tratamento de doenças e o melhoramento do indivíduo e da espécie. Seria ótimo poder desativar genes que elevam o risco de câncer, certo? Mas não é improvável que o ser humano queira também alterar sua força muscular, a cor dos olhos

Na pandemia e depois

As realizações de Jennifer Doudna ganham uma dimensão especial quando, diante do coronavírus, presenciamos a chegada de vacinas obtidas através de manipulação genética. E o CRISPR vem sendo avaliado, inclusive pelo time da bioquímica, como plataforma para exames e tratamentos contra a Covid-19. A relativa facilidade no uso da ferramenta também coloca em evidência os biohackers, indivíduos que fazem experiências e criam soluções (até para a pandemia) em laboratórios de fundo de quintal.

Fonte:

Conselho Regional de Química 2ª Região

Minas Gerais

 Rua São Paulo, 409 - 16º Andar - Centro, Belo Horizonte - MG - 30170-902

 (31) 3279-9800 / (31) 3279-9801