Márcia Foster Mesko, pesquisadora da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul, acaba de ser honrada com um prêmio de destaque da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), em Haia, na Holanda. Ela se destacou como a única pesquisadora da América Latina a ser selecionada para a prestigiosa distinção de “Mulheres Notáveis na Química ou Engenharia Química”. Este prêmio, anunciado em fevereiro, no Dia das Mulheres e Meninas na Ciência, celebra a excelência em pesquisa, realizações em ensino e liderança na área da Química.
Ao receber a honraria, a cientista expressou sua felicidade com o reconhecimento. “Receber o prêmio da IUPAC tem um significado muito especial, principalmente por ser um prêmio internacional. São selecionadas doze pesquisadoras do mundo todo para representar tantas outras pesquisadoras. E eu sou a única representante da América Latina. Então, eu sinto isso como uma grande responsabilidade, por estar representando muitas outras colegas”, afirmou.
Ela agora se junta a um seleto grupo de 12 pesquisadoras de renome global, provenientes da Itália, Alemanha, China, Cingapura, Estados Unidos, Índia, Bélgica, Reino Unido e Japão, que foram homenageadas por suas notáveis realizações na área da Química.
Antes de Mesko, outras duas brasileiras também foram agraciadas com essa premiação: a professora Vanderlan Bolzani, da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), em 2011, e a professora Yvonne Mascarenhas, da Universidade de São Paulo (USP), em 2017.
Jornada científica inspiradora
A trajetória profissional de Márcia Mesko é marcada por pioneirismo e excelência. Atuando no Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos da UFPEL desde 2009, ela também se destacou na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como a Química responsável na Farmacopeia, ajudando a estabelecer os requisitos mínimos de qualidade para insumos farmacêuticos, medicamentos e produtos para a saúde. Além disso, foi pesquisadora convidada do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), contribuindo para a implementação de certificados de rastreabilidade para os padrões, visando melhorar e reduzir custos nos processos de controle de qualidade.
Mesko também é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 2020 e tem se destacado como uma bolsista de produtividade nível 1C do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ela se dedica não apenas à pesquisa, mas também ao ensino, tendo orientado dezenas de mestres e doutores ao longo de sua carreira.
Estudo dos halogênios
Um dos destaques de sua pesquisa é o grupo inovador que lidera na UFPEL, que se concentra no desenvolvimento de métodos para a determinação de halogênios em baixas concentrações. Os halogênios, como iodo, flúor, cloro e bromo, são elementos químicos cuja análise é de grande importância em áreas tão diversas quanto alimentos, meio ambiente, cosméticos, medicamentos e até mesmo em amostras biológicas como urina, cabelo e unhas.
Ela destacou a importância de detectar, por exemplo, altas concentrações de flúor em produtos como maquiagem, que podem causar alergias, enfatizando a necessidade de regulamentação nesse sentido.
“Buscamos métodos que sejam mais eficientes, rápidos e ambientalmente amigáveis, seguindo os princípios da Química Verde. Isso inclui o uso de técnicas como a espectrometria atômica e cromatografia de íons”, comentou.
Incentivando futuras cientistas
Márcia Mesko vê seu prêmio não apenas como um reconhecimento pessoal, mas como uma oportunidade de inspirar outras cientistas brasileiras e latino-americanas. Ela acredita que é fundamental lutar pela igualdade de gênero na ciência e pela promoção de mais mulheres na área. Seu trabalho não se limita apenas à pesquisa, mas também envolve atividades de extensão e educação, incluindo projetos para incentivar meninas a se interessarem pela ciência desde cedo.
“Minha dedicação à promoção da participação feminina na ciência é uma parte fundamental da minha carreira e influencia minha pesquisa de maneira significativa. Esta missão me motiva a continuar enfrentando os desafios da carreira científica, especialmente em um ambiente onde o financiamento e as estruturas de pesquisa podem ser precários. Saber que estou contribuindo para abrir caminhos para outras cientistas, assim como aqueles que vieram antes abriram para mim, é um estímulo poderoso. Isso me lembra que, mesmo que os resultados não sejam imediatos, meu trabalho terá um impacto duradouro”, concluiu.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/pesquisadora-brasileira-recebe-premio-internacional-na-holanda/
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