André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim afirmou que o avanço da química dos renováveis, incluindo o hidrogênio, pode elevar a indústria química brasileira a um novo patamar de competitividade, o que pode contribuir para a redução do déficit da balança comercial de produtos químicos do país. Ele destacou ainda que a matriz elétrica brasileira mais limpa, associada ao uso de matérias-primas renováveis e esforços das empresas na descarbonização vem permitindo uma produção química mais limpa no Brasil em relação a Europa e ao resto do mundo.
A afirmação do presidente ocorreu no dia 29 de agosto, na Audiência Pública, cujo tema foi “Descarbonização da Indústria Nacional”, em Brasília. O evento foi promovido pela Câmara dos Deputados que criou a Comissão Especial para Estudo, Avaliação e Acompanhamento das Iniciativas e Medidas Adotadas para Transição Energética – Fontes Renováveis e Produção de Hidrogênio Verde no Brasil.
A convite do deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), Passos fez uma palestra mostrando como a indústria química brasileira é a mais sustentável do mundo. “No Brasil, 82,9% da matriz elétrica é renovável, enquanto no mundo, esse percentual é de 28,6%”, exemplificou, o dirigente da Abiquim.
Em sua apresentação, Passos deu um panorama do atual do setor, que vem sofrendo com a entrada agressiva de importados, sobretudo vindos de países asiáticos, e como esse movimento vem minando a competitividade do setor, que no primeiro semestre de 2023 apresentou o pior resultado dos últimos 17 anos. “A perda é geral; econômica, social e ambiental. A média das emissões do setor químico recuaram 47% entre 2000 e 2016, mas o recuo foi menor, de 33%, entre 2000 e 2021, por conta da forte elevação da ociosidade das plantas do setor. Se as empresas tivessem operado a 90%, as emissões de 2021 em relação a 2000 teriam mantido o recuo de cerca de 45%.
Ademais, Passos alertou sobre a origem desses produtos que têm entrado no Brasil, já que eles têm alto grau de emissão de carbono. “O Brasil se organizou nos últimos anos e pagou caro por uma produção limpa. A necessidade de uma taxa de ajuste de fronteira, a exemplo de países da União Europeia que protegem sua indústria, é urgente. Os esforços da indústria química nacional não podem ser em vão; precisamos salvar nossa competitividade.”
Passo explicou ainda como o gás natural pode ser o elemento de transição energética, as vantagens brasileiras relacionadas à química renovável e circular, além do hidrogênio sustentável como ferramenta para a neoindustrialização da química no Brasil. Neste último, ele mencionou as rotas tecnológicas que estão sendo desenvolvidas pelas empresas associadas da Abiquim, mas também relacionou os principais gargalos para que este insumo seja explorado e o País colha os seus melhores resultados.
Dentro desse contexto, Passos finalizou dizendo que a percepção da indústria é que a participação do governo, em seus diferentes níveis, com engajamento em atividades de coordenação, promoção e fomento, será fundamental. “Em especial, a indústria entende que a missão de desenvolvimento da bioeconomia demanda um Programa dedicado a tal fim. Coordenado pelo Governo Federal, à semelhança dos existentes em outros países (como o EU Green Deal ou o Inflaction Reduction Act dos EUA), este Programa poderia ser a base para o renascimento da indústria brasileira, de modo geral, e da química brasileira, em particular, em bases competitivas, viabilizando os necessários novos investimentos irradiadores de desenvolvimento sustentável para a economia brasileira.”
Fonte: https://abiquim.org.br/comunicacao/noticia/10932
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