A equipe da professora trabalha com plantas na Colômbia, um país notório por abrigar mais de 44 mil espécies em sua extensão, tornando-o um dos mais biodiversos do planeta. Eles se dedicam à extração de óleos essenciais, estudando suas atividades biológicas, onde aproximadamente 50% desses extratos se revelam como valiosas fontes de ingredientes naturais.

Nesse contexto, essa extração desempenha uma importante função na cadeia que engloba os processos de transformação, a obtenção de ingredientes naturais e a preparação do produto final para comercialização. “Esse ciclo contribui de forma substancial para a geração de empregos no campo”, destacou a pesquisadora. Ela também realçou o trabalho com os produtores agrícolas no uso da biomassa.

Um mundo em um jardim

O painel também abordou um projeto inovador desenvolvido por Elena E. Stashenko e sua equipe, intitulado “Um mundo em um jardim.” Ela descreveu o jardim como um espaço onde ocorre o estudo da biodiversidade, reunindo as áreas da Química, filosofia, biologia e artes. “O jardim representa a convergência de diferentes saberes, proporcionando uma experiência rica tanto para o entretenimento quanto para a pesquisa”, afirmou.

A iniciativa permite que os visitantes explorem as plantas de maneira diversificada, com informações químicas, artísticas e musicais ao alcance de suas mãos, graças aos QR Codes disseminados pelo jardim. Esses códigos revelam detalhes sobre a composição química das plantas, bem como sua relação com a música e a arte. Diversos jardins temáticos, inspirados em diferentes culturas, acrescentam profundidade a essa experiência singular. Além disso, o projeto também abriga um museu de cheiros, contendo óleos essenciais e extratos de mais de 150 plantas.

“Os visitantes podem explorar a Química de forma inovadora, visualizando a composição das plantas, desde pigmentações até análises de fluorescência. Tudo isso proporciona uma compreensão mais profunda da biodiversidade e das moléculas envolvidas na biomassa”, destacou Stashenko.

O jardim desvenda também a complexa comunicação entre plantas e insetos, fornecendo informações sobre os processos evolutivos das plantas. A professora ressalta que os insetos utilizam substâncias específicas dessas plantas para produzir novas biomoléculas, por exemplo, como precursores de feromônios. Diferentes técnicas cromatográficas acopladas a espectrometria de massa desempenham um papel importante nesse estudo, permitindo uma análise completa dos componentes envolvidos, oferecendo uma maneira fascinante de explorar as cores das flores, as texturas, os aromas e os corantes, correlacionando esses elementos por meio de sua composição química.

A pesquisadora destaca, ainda, que esse projeto promove a transdisciplinaridade, abrindo as portas para a interconexão de saberes diversos, sendo essencial universalizar o saber, ensinando não apenas a Química, mas também o humanismo. “Temos que nos educar sobre a biodiversidade e sua conservação, temos que ‘jardinizar’ nosso mundo e realizar a introdução de conceitos humanitários sobre o futuro,” ponderou.

CBQ

O Congresso Brasileiro de Química é um evento anual que tem como objetivo promover o estudo, a disseminação e o avanço do conhecimento na área, reunindo a comunidade Química de diferentes estados do Brasil. Durante esse encontro, foram realizados cursos, palestras, mesas redondas e a apresentação de trabalhos de pesquisa. Esta edição ocorreu no período de 31 de outubro a 3 de novembro, em Natal (RN).

Foto: Demócrito Garcia

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/quimica-arte-e-transdisciplinaridade-em-foco-no-62o-cbq/