Recentemente, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE) divulgou um estudo revelando que pães de forma de algumas marcas populares apresentaram altos teores alcoólicos em sua composição. A pesquisa analisou dez marcas de pães de forma e apenas quatro delas possuíam teores de etanol abaixo do limite para não serem classificadas como alcoólicas.
Mas afinal, por que certos alimentos podem conter álcool em sua composição? Segundo o analista químico do Conselho Federal de Química (CFQ), Diego Freitas, alguns alimentos podem apresentar presença de álcool por motivos naturais ou por adição.
“O álcool pode ser facilmente gerado a partir de processos de fermentação de açúcares, assim como ocorre com bebidas, por exemplo. Com isso, alimentos ricos em açúcares que passam ou estão sujeitos a processos de fermentação, como vinagres, kombucha, frutas maduras demais e sucos, podem apresentar quantidades de álcool em sua composição”, explica.
Além da fermentação natural, o álcool pode ser adicionado a certos alimentos como ingredientes diretos, “como chocolates com recheios de licores, ou como aditivos, tais como conservantes ou flavorizantes que contenham álcool”, completa Freitas.
O que diz a legislação?
No Brasil, os produtos não alcoólicos não devem apresentar volume de álcool superior a 0,5%, conforme normativa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). De acordo com o analista químico do CFQ, qualquer alimento que apresente substância em quantidade acima da regulamentada pode ser considerado contaminado, logo seu consumo não é recomendado, independentemente da dosagem.
“Alimentos não alcoólicos não podem ultrapassar certos limites de álcool previstos em legislação, mesmo que utilizem aditivos ou ingredientes que o contenham. E para garantir isso, as indústrias devem manter um rigoroso controle de qualidade dos produtos gerados, especialmente aqueles que podem ser consumidos por qualquer pessoa em qualquer idade ou condição de saúde”, destaca.
Freitas ainda ressalta a importância dos órgãos de controle e Profissionais da Química nas ações de fiscalização. “A fiscalização dos órgãos como Anvisa, Mapa e outros, juntamente com entidades privadas de defesa do consumidor, é fundamental para a segurança da população. Por outro lado, a presença de Profissionais da Química legalmente habilitados que exerçam atividades em laboratórios de controle de qualidade é de extrema necessidade para que alimentos fora dos padrões não cheguem ao consumidor final”, enfatiza.
Cuidados
Uma vez que o uso do álcool é comum na indústria alimentícia, Freitas alerta que os consumidores devem ficar atentos às características dos produtos consumidos.
“Sempre é recomendado que o consumidor fique atento às características dos produtos: cheiro, cor, aspecto, presença de algo que não é esperado, mesmo que esteja dentro da data de validade ou que o produto esteja lacrado, pois falhas podem acontecer ao longo da cadeia produtiva. Caso o consumidor perceba algo estranho, como por exemplo, ao abrir um saco de pão e sentir cheiro ou gosto de álcool, não consuma e acione o Serviço de Atendimento ao Consumidor do fabricante, cujo contato estará no rótulo do produto”, finaliza.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/entenda-por-que-alimentos-podem-conter-alcool-cfq-explica-fenomeno-em-paes-de-forma/
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