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Trabalho de estudante da UFG premiado tem potencial para patenteamento

A informação é do estudante Lucas Ferreira e de seu orientador Wendell Coltro, que falam sobre a pesquisa e o Prêmio do CNPq Márcia Araújo (PRPI).


A informação é do estudante Lucas Ferreira e de seu orientador Wendell Coltro, que falam sobre a pesquisa e o Prêmio do CNPq Márcia Araújo (PRPI)

Lucas Ferreira de Castro é o primeiro estudante da UFG a conquistar o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do CNPq. Premiado na categoria Bolsista de Iniciação Tecnológica, na área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharia, Lucas e seu orientador, professor Wendell Coltro, falam nesta entrevista sobre o trabalho premiado, seu contexto e desdobramentos.

Eles afirmam que o biossensor eletroquímico de baixo custo desenvolvido nessa pesquisa para diagnóstico de Dengue e Zika vírus tem potencial para ser patenteado. Wendell também ressalta que a inovação do trabalho de Lucas proporcionará, em breve, a customização da plataforma desenvolvida para o diagnóstico da Covid-19 no âmbito de um projeto do INCTBio aprovado perante o CNPq.

Lucas, que foi aprovado para mestrado na "Université Paris Sciences & Lettres" em Paris, diz esperar contribuir para a internacionalização do Instituto de Química e da UFG. Estudante e orientador destacam a importância do Programa de Iniciação à Pesquisa na ampliação de horizontes dos estudantes. E Lucas declara que estudar na UFG sempre foi um sonho: "além de ser uma universidade reconhecida nacional e internacionalmente, é uma universidade gratuita, que possibilita os estudos de grande parte dos alunos de baixa renda." Confira a seguir a entrevista na íntegra.

Como receberam a notícia da premiação e o que ela significa?

Lucas Ferreira - Quinta-feira, dia 24 de junho, recebi uma ligação do presidente do CNPq [Evaldo Ferreira Vilela] me parabenizando pelo prêmio e ressaltando a importância de pesquisas de alto impacto desenvolvidas nas universidades federais brasileiras.

Prof. Wendell: Esse prêmio está rodeado de vários significados não só para nós, mas também para outros pesquisadores, pois é uma pesquisa que vem sendo desenvolvida há quatro anos dentro do nosso grupo de pesquisa e conta com colaborações de outros cientistas brasileiros. Além do mais, a bolsa de mestrado conquistada na premiação vai garantir que essa pesquisa siga por pelo menos mais dois anos, podendo gerar resultados mais significantes.

Por favor, expliquem a pesquisa desenvolvida.

Wendell Coltro e Lucas Ferreira: Neste trabalho, foi estudado um novo material de baixo custo com potencial de uso como sensor capaz de detectar o vírus da Zika e da Dengue no soro sanguíneo de pacientes infectados com esses vírus. O dispositivo é feito sobre o papel e uma tinta condutora à base de grafite foi usada para a detecção dos vírus. Para isso, faz-se necessária a imobilização (ligação) de moléculas como a quitosana e o glutaraldeído sobre a tinta de grafite. Desta forma, o glutaraldeído é capaz de se ligar com o anticorpo dos vírus permitindo sua detecção. A resposta analítica é medida eletricamente utilizando-se um potenciostato.

Como essa pesquisa pode impactar o diagnóstico de Dengue e Zika? O método é mais preciso, mais rápido ou mais barato?

Prof. Wendell e Lucas: Primeiramente, ainda não existem técnicas capazes de diferenciar as duas infecções de maneira seletiva. Existem alguns estudos nessa linhagem, porém os diagnósticos ainda dependem da experiência do médico ao realizar a consulta. Por meio dessa técnica, os pesquisadores estão desenvolvendo um protótipo que seja capaz de diferenciar as contaminações por esses vírus na mesma plataforma.

Uma centena desses dispositivos pode custar aproximadamente U$ 0,35, o que daria menos que 2 reais considerando o câmbio na data de hoje. No caso de uma grande produção, esse valor ainda pode ser reduzido. Em relação ao tempo, essas medidas demoram aproximadamente quatro minutos.

Foi desenvolvido um ePAD (dispositivo analítico eletroquímico feito em papel) e, para a fabricação desses dispositivos, foi desenvolvida e testada uma tinta inovadora. Há, então, potencial para depósito de patente(s), com essa pesquisa?

Prof. Wendell e Lucas: Com certeza, esse trabalho tem potencial para ser patenteado. Para isso, estamos finalizando uma pesquisa nos bancos de patentes e daremos prioridade ao depósito em relação à publicação em uma revista cientifica internacional.

O plano de trabalho de pesquisa desenvolvido pelo Lucas faz parte de um projeto de pesquisa coordenado pelo senhor. Fale sobre o projeto e sobre o impacto desse trabalho para os seus desdobramentos.

Wendell Coltro - O plano de trabalho desenvolvido pelo Lucas faz parte do projeto "Desenvolvimento de plataformas microfluídicas para aplicações analíticas e bioanalíticas" que é financiado pelo CNPq e conta com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioanalítica (INCTBio).

De uma maneira geral, o projeto financiado pelo CNPq tem apresentado inúmeros resultados positivos, seja na formação de recursos humanos, na produção científica, produção tecnológica e também na popularização da ciência.

A inovação do trabalho do Lucas proporcionará, muito em breve, a customização da plataforma desenvolvida para o diagnóstico da Covid-19 no âmbito de um projeto do INCTBio aprovado perante o CNPq.

Lucas, você foi aprovado em um programa de pós-graduação na França? Conte-nos os detalhes.

Lucas Ferreira - Sim, em outubro espero conseguir estar na França para iniciar meu mestrado na "Université Paris Sciences & Lettres" localizada em Paris. Essa universidade é conhecida como a melhor universidade francesa. A minha área de pesquisa direciona-se à microfabricação, nanotecnologia e ciências dos materiais para desenvolvimento de biossensores, similar ao que eu já venho desenvolvendo aqui na UFG.

A minha expectativa é de absorver o máximo de conhecimento possível e desenvolver ferramentas que possam ajudar pessoas de baixa renda a terem acesso a uma medicina preventiva e de qualidade. Possivelmente, eu cursarei a pós-graduação na Universidade Francesa tendo a co-tutela do professor Wendell Coltro aqui no Brasil, uma vez que o professor coordena um projeto internacional no Programa Capes-Cofecub* envolvendo grupos franceses na equipe de pesquisadores. Espero contribuir para a internacionalização do Instituto de Química e da Universidade Federal de Goiás.

*[O Programa Capes-Cofecub apoia projetos científicos desenvolvidos em parceria por pesquisadores brasileiros e franceses. É um acordo de cooperação interuniversitária, entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) e o Ministério das Relações Exteriores e Europeias e o Ministério do Ensino Superior e da Pesquisa franceses, representados pelo Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub).] Fonte: cienciassemfronteiras.gov.br.

Lucas, qual foi o impacto do Programa de Iniciação à Pesquisa Científica, Tecnológica e em Inovação da UFG na sua formação? E o que você tem a dizer sobre o fato de estar se graduando na UFG - uma universidade pública e gratuita?

Lucas Ferreira - Primeiramente, o Programa de Iniciação à Pesquisa Científica, Tecnológica e em Inovação da UFG me possibilitou a experiência de ser um pesquisador com projetos de pesquisas relevantes para a sociedade, o que me deixou mais atraído pela química e pela ciência.

Estou me graduando na UFG - o que sempre foi um sonho, pois, além de ser uma universidade reconhecida nacional e internacionalmente, é uma universidade gratuita, que possibilita os estudos de grande parte dos alunos de baixa renda. Sendo assim, durante esses quatro anos na UFG, aprendi muito não só como aluno e pesquisador, mas também como pessoa.

Professor Wendell, por que o senhor sempre participa do Programa de Iniciação à Pesquisa da UFG como orientador?

Wendell Coltro - Eu tenho orgulho de participar do Programa de Iniciação à Pesquisa desde que ingressei na UFG. Por meio deste Programa, eu tenho condições de oferecer oportunidades a estudantes de diferentes cursos de graduação, incluindo Química, Farmácia, Biotecnologia e Biomedicina, uma vez que as linhas de pesquisa desenvolvidas em nosso grupo de pesquisa são inter e multidisciplinares.

Os estudantes, em geral, aproveitam as oportunidades e se destacam nacional e internacionalmente. Muitos dos primeiros estudantes que orientei já se formaram e estão cursando pós-graduação, estão atuando na indústria, na academia ou estão realizando estágios no exterior.

O Programa de Iniciação à Pesquisa é, portanto, uma excelente oportunidade de vivenciar o desenvolvimento científico e tecnológico na nossa Universidade. Consequentemente, eu recomendaria que todos os alunos tivessem a experiência de pelo menos um ano nesse Programa.

Lucas ficou uma semana fora para realização de parte da pesquisa em outra instituição. Onde foi e o que foi realizado lá?

Lucas Ferreira: Parte dessa pesquisa foi desenvolvida no Laboratório do professor Valtencir Zucolotto do Instituto de Física de São Carlos - Universidade de São Paulo. Foi nesse laboratório que eu realizei os primeiros ensaios eletroquímicos utilizando anticorpos e os vírus.

Fonte:

Conselho Regional de Química 2ª Região

Minas Gerais

 Rua São Paulo, 409 - 16º Andar - Centro, Belo Horizonte - MG - 30170-902

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