No terceiro dia da 29ª edição do Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos (CBCTA), em Florianópolis (SC), o Sistema CFQ/CRQs levou ao evento uma temática de alto interesse para a sociedade: a palestra “Atuação dos profissionais da Química na área de alimentos”, um simpósio ministrado por Patrícia Giuliani, conselheira do Conselho Regional de Química da 13ª Região (CRQ XIII – Santa Catarina) e Profissional da Química no segmento alimentício.
Ao longo de sua exposição, a conselheira levou aos profissionais presentes no CBCTA uma ideia geral sobre questões regulatórias e de aptidão, defendendo a importância da consciência de que reunir os conhecimentos necessários para o exercício das funções específicas da Química na indústria oferece segurança ao empresariado e, muito particularmente, à sociedade.
“Uma área que está em expansão e, cada vez mais, precisa de profissionais realmente habilitados, é a parte de assuntos regulatórios. Os assuntos regulatórios envolvem consultas aos órgãos competentes como a Anvisa, Mapa, Inmetro, Polícia Federal e Exército. Como que eu vou trabalhar aqui em assuntos regulatórios? A Anvisa é uma vasta gama, tem produtos que precisam de registro na Anvisa, tem produtos que estão dispensados, então demanda uma consulta, isso é uma função profissional”, afirmou Patrícia.
A palestrante levou à audiência, composta de muitos jovens graduandos, uma visão clara da gama de atividades que envolvem os Profissionais da Química no universo da indústria alimentícia. Ela fez ainda um chamado à proatividade para que cada um encontre seu espaço no mercado.
“Hoje a gente diz assim, tem campo para prestação de serviço na área de alimentos, na área da Química? Tem, tem muito, só que eu não posso ficar esperando, certo? Então nós, como profissionais, temos de ir atrás e explorar todas essas áreas que eu comentei. O que eu, como profissional da área de alimentos posso fazer, como Profissional da Química? Consultoria, auditoria e treinamentos pertinentes à segurança de alimentos, são grandes mercados”, destacou.
O terceiro dia de CBTA teve ainda uma Mesa Redonda interessante, intitulada “Avanços em análise Química de Alimentos”. Participaram os pesquisadores Rodrigo Barcellos Hoff, como moderador, além de Roger Wagner, que trouxe a apresentação “Avanços em cromatografia gasosa para análise de alimentos”; Heitor Daguer, que apresentou “Técnicas avançadas para a conformidade de alimentos”; e Marcos dos Santos Lima, que expôs como tema “Validação de métodos para quantificação
Em sua palestra, Daguer enfatizou dados que se referem a fraudes em alimentos, um problema registrado por toda parte, mesmo nos países considerados mais desenvolvidos.
“Não quer dizer que nos países que estão marcados com zero ocorrência de fraude, não haja fraudes. Simplesmente elas não foram relatadas, não geraram dados passíveis de serem compilados, mas é muito inocente a gente acreditar que não tenhamos fraudes. Até nos países considerados padrão ouro, dependendo do referencial, são relatadas fraudes, como na Suécia, na Finlândia e na Islândia”, afirmou.
Ao redor do mundo, afirma Daguer, alguns produtos foram mapeados como mais sujeitos a fraudes.
“Foi feito uma coisa interessante, que foi relatar os principais produtos sujeitos a adulterações. Então, em primeiríssimo lugar, o leite. Depois, o azeite de oliva, mel, carne de boi, pimenta. Entre outros. E aqui eles colocam as principais fraudes que ocorrem, tipo fraude por substituição, fraude por diluição, fraude por… até a fraude de rótulo também que está sendo considerada”, ressaltou.
Nessa caçada à qualidade dos produtos, e de rastreamento de possíveis fraudes, a Ciência construiu uma trilha de desenvolvimento e que inclui a Espectroscopia de Infravermelho Próximo, a NIR.
“O NIR nem é tão recente. Em 1975, ele foi o objeto da primeira revolução analítica verde, como esses autores falam. Foi um trabalho reportado ali por Phillip Williams, da Comissão Canadense de Grãos, onde ele analisava mais de 600 mil amostras de trigo por ano para a análise de proteína. Essas amostras consumiam 50 toneladas de ácido sulfúrico por ano. Quando ele passou a analisar tudo por NIR, então, zerou esse consumo de ácido sulfúrico e o tempo de análise passou de duas horas para um minuto por amostra. Então, essa é considerada a primeira revolução verde na área da química analítica. E o NIR tem um potencial muito grande para ser usado de forma remota, portátil”, apontou o palestrante.
No encerramento, Daguer levou uma mensagem de defesa da qualidade da Ciência feita no Brasil.
“Acima de tudo, pessoal, vamos valorizar o que é nosso. A gente tem muitos bons cientistas aqui no Brasil, a gente teve cooperações, temos ainda cooperações que nos deram e nos dão muitos frutos. Isso precisa ser valorizado acima de tudo. Não é questão apenas de publicar, acho que isso não é o principal, mas é de utilizar aquilo que seja realmente adequado a propósito, que seja viável de utilização e a gente tem tido várias experiências positivas nesse sentido”, concluiu.
O Sistema CFQ/CRQs participou do 29ª CBCTA, em Florianópolis (SC), na condição de patrocinador e contou com um estande, onde atendeu Profissionais da Química que atuam no setor de alimentos e empresas do segmento alimentício. No estande, os conselheiros federais de Química Silvana Calado, Djalma Santana Nunes e Suely Schuh participaram do atendimento, ao lado de Diego Freitas, da Ouvidoria do CFQ, e de representantes do Conselho Regional de Química da 13ª Região (CRQ XIII – Santa Catarina).
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/29o-cbcta-tem-palestra-do-sistema-cfq-crqs-para-orientar-profissionais-e-estudantes-da-area-de-alimentos/
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