O avanço da inteligência artificial (IA) tem transformado o cenário das pesquisas científicas, especialmente na Química e na Ciência dos Materiais. O recente lançamento do Open Materials 2024 (OMat24) pela Meta, um conjunto de dados massivos e de código aberto, promete acelerar a descoberta de novos materiais. Para entender o impacto dessa tecnologia, o Conselho Federal de Química (CFQ) conversou com o professor Fernando Schimidt, do Instituto Federal de Goiás, especialista em tecnologias aplicadas à Ciência e sustentabilidade.
O professor explica que a IA tem desempenhado um importante papel no avanço das pesquisas, especialmente no desenvolvimento de algoritmos sofisticados, como redes neurais recorrentes e decodificadoras. Essas ferramentas são utilizadas para prever reações químicas e projetar novas moléculas com alto grau de precisão.
“Os modelos de IA dependem de grandes volumes de dados para gerar previsões com grandes critérios estatísticos. A combinação de propriedades físico-químicas e periódicas dos elementos permite criar simulações que economizam tempo e recursos laboratoriais, otimizando as descobertas”, afirma Schimidt.
Ele destaca, ainda, que áreas como a indústria farmacêutica têm liderado a aplicação dessas tecnologias, utilizando IA para desenvolver novos medicamentos e substâncias promissoras no tratamento de doenças.
Open Materials 2024
O Open Materials 2024 é o maior conjunto de dados aberto já disponibilizado na área, com 110 milhões de registros. De acordo com Schimidt, essa ferramenta é essencial para a evolução das pesquisas. “A internet é uma grande biblioteca de informações e dados. A IA pode otimizar essas informações em função das pesquisas. Desde que seja utilizada com critérios éticos, por parte de alunos e instituições, vejo com otimismo a possibilidade de usar modelos e simulações (baseados em IA) para entender muitos princípios e teorias científicas”, analisa.
O OMat24 já está disponível gratuitamente na plataforma Hugging Face, permitindo que pesquisadores e estudantes acessem, modifiquem e utilizem os dados em suas investigações. Para Schimidt, esse movimento cria um ambiente de colaboração que beneficia toda a comunidade científica. “Iniciativas como essa facilitam o desenvolvimento de materiais inovadores que podem, por exemplo, mitigar as mudanças climáticas, com baterias mais eficientes ou combustíveis sustentáveis”, justifica o professor.
Educação e ética no uso da IA
O professor alerta para os desafios éticos no uso da IA, como a necessidade de respeitar a privacidade e proteger dados sensíveis em pesquisas. “É fundamental que as normas éticas sejam respeitadas e aprimoradas para garantir o uso responsável desses recursos”, orienta.
O especialista também afirma que o lançamento do Open Materials 2024 marca um importante avanço para a ciência dos materiais, tornando acessíveis ferramentas que antes eram restritas a poucos pesquisadores. “Iniciativas como essa democratizam a tecnologia”, finaliza.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/especialista-analisa-como-a-ia-pode-revolucionar-pesquisas-na-quimica/
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