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A química com raízes no campo

Aos 26 anos, Carime Vitória Rodrigues está finalizando o doutorado em Química na Universidade de Brasília (UnB).


Há pouco mais de 10 anos, não passava pela cabeça de Carime que ela poderia ser uma das responsáveis por criar um composto químico com o potencial de melhorar a produção de vários tipos de culturas.

Atualmente, ela é sócia de uma empresa criada a partir de um projeto desenvolvido, inicialmente, em uma startup da UnB. O estudo, que já ganhou o mercado, foi feito junto com o então orientador dela. O resultado é um fertilizante bem diferente, puro, atóxico e capaz de enriquecer alimentos com micro e macro nutrientes, além de aumentar as produções de diversas culturas.

A química se admira com os rumos que a vida tomou, afinal, levando em conta seu histórico estudantil, não considera ter tido um grande estímulo para perseverar nos estudos voltados à Ciência. “Sempre estudei em escola pública e só conheci a Química no oitavo ano. Logo em seguida, passei um ano inteiro sem professor para esta disciplina. Mas eu adorava estudar e aprender sozinha. Foi aí que decidi que cursaria Química quando chegasse a hora”.

As adversidades não impediram Carime de se destacar e gostar muito de cada assunto que aprendia. Ainda na graduação, cursando a Iniciação Científica, conheceu o professor do Instituto de Química (IQ) da UnB Marcelo Rodrigues, que já estava trabalhando com nanotecnologia. Para Marcelo, os resultados alcançados por Carime não foram uma surpresa. “Ela é um gênio e tem um potencial enorme. É uma sorte muito grande ter o trabalho dela com a gente”, afirmou.

O trabalho andou, e hoje Carime é sócia-fundadora da empresa, tendo Rodrigues como parceiro. A experiência de vida que ela possui com a agricultura foi um dos grandes diferenciais na hora de aplicar os agroquímicos que desenvolve. “Tenho uma vivência de como os produtores respondem às tecnologias. Então, penso como a Química pode servir a estas pessoas. Trago muito essa bagagem para a empresa”.

Mas o caminho da criação no laboratório até o mercado não foi simples e continua exigindo esforços múltiplos de quem decidiu empreender no ramo da Química. “Ser empresária não é fácil. A nossa formação é para lidar com a parte Química, mas é necessário trabalhar em várias frentes. Tive que estudar princípios de Contabilidade até Direito, pois demora para se ter recursos para ter todos estes profissionais trabalhando para a sua empresa. É muita burocracia. Tem que sair muito da zona de conforto”.

Como se não bastasse tudo o que ela enfrentou até aqui, tem o fato de ser uma mulher jovem em áreas que, há pouco tempo, não tinham muita presença feminina. “Para mim é uma experiência desafiadora, mas gratificante, pois percebo que sou um exemplo para as mulheres que querem seguir pelo caminho da Ciência e do agronegócio. Mas é preciso ter coragem para estudar, para empreender, para ser mulher em ambientes tradicionalmente masculinos. Coragem é a palavra que conduz tudo”.

Fonte:

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