Com a participação do Conselho Federal de Química (CFQ), ocorreu em São Paulo, nesta segunda-feira (2/12), a 29ª edição do Encontro Nacional da Indústria Química (ENAIQ), evento que reúne entidades e empresas para discutir temáticas de interesse da cadeia produtiva da Química.
No evento de 2024, o ENAIQ se destacou pela pauta da diversidade. A defesa da indústria química brasileira, considerada uma das mais sustentáveis do mundo, também foi um tema em destaque. Em sua manifestação final, André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, transmitiu o tom da indústria atualmente: otimista, mas também cauteloso diante das pressões externas.
“Hoje, 33% da energia que usamos vem de fontes renováveis. Dependendo do produto, geramos metade das emissões de CO? por tonelada produzida em relação aos nossos principais concorrentes no mundo. Vamos terminar o ano com um faturamento em torno de 158 bilhões de dólares. Respondemos por 11% do PIB industrial e geramos R$ 30 bilhões em tributos federais anualmente. Geramos 2 milhões de empregos diretos e indiretos, pagando salários muito acima da média da indústria. Senhoras e senhores, a Química é um setor econômico singular para a construção de um país mais justo, mais humano, que de fato contribua, através da Ciência e da tecnologia, para resolver os principais problemas que a humanidade enfrenta”, afirmou Passos.
Representantes do governo também participaram do encontro. Um deles, o presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, criticou as taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro, defendeu o plano industrial da União e pregou o incentivo às atividades fabris.
“A política industrial foi retomada, a Petrobras, uma empresa fundada pelo Estado brasileiro para desenvolver o Brasil, precisa ter um compromisso que não seja apenas para o lucro de alguns, mas sim com o desenvolvimento do país. Não vamos construir um país desenvolvido apenas com agro, mineração e exportação. Vamos ter um país desenvolvido, como o sonhamos, com a indústria”, disse Cappelli.
O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS), coordenador da Frente Parlamentar da Química, destacou o caráter multipartidário da agenda construída pelo setor.
“A Frente Parlamentar não alcançaria os resultados que estamos atingindo sem a pluralidade. Sempre procuro valorizar essas relações virtuosas, que unem pessoas que compreendem o conceito essencial do nosso trabalho e a importância de criarmos condições competitivas para o investimento nacional”, destacou o deputado.
Em seguida, o ENAIQ homenageou estudantes premiados nas Olimpíadas de Química Internacionais. A influenciadora Kananda Eller, conhecida nas redes sociais como “Deusa Cientista”, formada em Química e responsável por ações de divulgação científica que atingem milhares de pessoas, fez um relato inspirador de sua trajetória de vida e de estudo.
“Em um momento da minha vida, no Ensino Médio, eu tive um professor de Química. Na minha turma, na Feira de Ciências, produzimos sacolas plásticas com fécula de mandioca. Sempre tive muito amor pela vontade de mudar o mundo. Sempre escutávamos que a Química está em tudo, nas coisas, no tecido, nos cosméticos, na agricultura. Mas, como ela está em tudo? Quando fui para o laboratório e produzi essa sacola, entendi que a Química realmente está presente em diversos setores da sociedade e que eu poderia mudar a minha vida a partir disso”, afirmou.
Ao todo, o ENAIQ incluiu em sua programação quatro painéis, que trataram dos seguintes temas: sustentabilidade, perspectivas econômicas, tecnologia e investimentos, e desafios para a evolução na igualdade de gênero.
Na discussão sobre sustentabilidade, Juliana Marra, gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Unilever e presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e Profissional (ABIPLA), relatou que uma das preocupações da Unilever é fazer com que a cadeia produtiva, especialmente seus fornecedores, compartilhem das preocupações com o impacto de suas atividades.
“Nós somos parte de uma cadeia, temos responsabilidade nisso, portanto precisamos muito dessas parcerias”, afirmou Juliana.
No painel sobre igualdade de gênero, uma das debatedoras foi a deputada Ivoneide Caetano (PT-BA). Ela afirmou que a independência financeira é a chave para que as mulheres possam ter uma participação social mais efetiva. Ivoneide, que é profissional da Química, destacou que o segmento é historicamente dominado pelos homens, mas disse acreditar que essa realidade está em transformação.
“O setor da indústria química é, de fato, historicamente dominado por homens, mas a participação das mulheres tem crescido nos últimos anos. Essa diversidade de gênero pode levar a soluções mais inovadoras e a perspectivas únicas”, destacou.
O Sistema CFQ/CRQs se fez representado por meio das presenças dos membros do Comitê de Relações Institucionais e Governamentais (CRIG), com os presidentes de CRQs: Hans Viertler (SP), Gilson Mascarenhas (AM, RO, RR e AC), Luciano Figueiredo (GO, TO e DF), Wagner Pederzoli (MG), Raquel Lima (PB), José Ribamar Cabral Lopes (MA) e Alexandre Vaz Castro (ES). Também participaram o chefe de RIG, Antonio Lannes, e a chefe da Assessoria de Comunicação do CFQ, Jordana Saldanha.
Hans Viertler avaliou como válida essa aproximação com as empresas e profissionais em eventos de grande repercussão no setor.
“É extremamente importante. Sempre precisamos ter mais contato com as empresas, até para conhecer suas preocupações e poder auxiliá-las no que for possível”, concluiu.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/enaiq-expoe-cenario-mais-otimista-na-industria-quimica-e-debate-sustentabilidade-e-participacao-feminina-nas-empresas/
Conselho Regional de Química 2ª Região
Minas Gerais
Rua São Paulo, 409 - 16º Andar - Centro, Belo Horizonte - MG - 30170-902
(31) 3279-9800 / (31) 3279-9801