Na última terça-feira (3), especialistas se reuniram em uma audiência pública promovida pela Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados para discutir as oportunidades do hidrogênio para a indústria brasileira. Representando o Sistema CFQ/CRQs, o presidente do Conselho Regional de Química da 21ª Região (CRQ XXI – Espírito Santo), Alexandre Vaz de Castro, destacou a importância da capacitação de recursos humanos e os impactos sociais dessa nova fronteira energética.
Ao longo de sua participação, Alexandre enfatizou a importância da Química no desenvolvimento da indústria do hidrogênio e como a mão de obra qualificada será essencial para o sucesso do setor no Brasil. “Hoje, no nosso Sistema, há cerca de 250 mil profissionais atuando no Brasil, como Engenheiros Químicos, Químicos Industriais, bacharéis, licenciados e também técnicos que trabalham diretamente na área da Química. A indústria química e petroquímica desempenha um papel essencial, não apenas a montante, na construção e produção de hidrogênio de baixo carbono, mas também na parte dos produtos manufaturados”, destacou.
Ele ainda ressaltou que, apesar do potencial do hidrogênio, é fundamental que esses profissionais sejam preparados para atuar nas novas plantas e processos que estão surgindo. “A nossa preocupação é garantir que tenhamos mão de obra qualificada brasileira atuando nessas plantas, sem depender da importação dessa mão de obra”, afirmou.
O presidente do CRQ XXI enfatizou, ainda, a importância de informar a sociedade sobre os benefícios que o hidrogênio trará, não só para a balança comercial, mas também para o cotidiano dos cidadãos. “Nós, do Sistema CFQ/CRQs, trabalhamos junto aos demais atores para levar esse conhecimento até a sociedade. A sociedade precisa entender que essa pauta do hidrogênio não é apenas sobre Química, que pode assustar um pouco, mas principalmente sobre como ela transformará o modo de vida das pessoas”, explicou.
Além disso, Vaz destacou a relevância da colaboração com as instituições de ensino e o desenvolvimento de cursos especializados. “Estamos trabalhando em um projeto para 2025, que busca disseminar ainda mais esse conhecimento por meio de workshops, seminários e cursos, como, por exemplo, um curso de formação técnica em hidrogênio. Esses são requisitos importantes para garantir que essa cadeia se desenvolva de maneira tranquila”, afirmou.
Alexandre também ressaltou a necessidade de aceleração no desenvolvimento de equipamentos e na capacitação de profissionais para garantir que o Brasil se torne um protagonista nesse mercado. “Esse movimento não se restringe apenas à Química, que está totalmente relacionada ao hidrogênio, mas também envolve toda a parte de engenharia elétrica, mecânica e outras áreas. Estamos realmente aguardando o decreto para entender como isso será encaminhado e, a partir daí, poderemos trabalhar com os principais atores, tanto do governo quanto da iniciativa privada”, concluiu.
Desafios da indústria química
O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos, também esteve presente na audiência, abordando os desafios enfrentados pela indústria química em relação ao hidrogênio. Ele enfatizou os altos custos de produção do hidrogênio derivado de gás natural no Brasil e os impactos disso na competitividade da indústria brasileira.
“O Brasil enfrenta uma imensa dificuldade de competitividade nesse setor devido aos altos custos de produção, pois esse hidrogênio é derivado de gás natural, que no Brasil tem um custo elevado. Mesmo com esse custo elevado, o hidrogênio produzido no Brasil custa cerca de US$ 1,5 por tonelada, abaixo do custo mínimo mencionado por outros especialistas. Mesmo assim, nossa indústria não é competitiva com o resto do mundo”, afirmou.
Ele também reforçou a necessidade de uma abordagem estratégica que conecte a oferta e a demanda de hidrogênio de baixo carbono no Brasil. “A indústria química consome hidrogênio para fabricar fibras têxteis, metanol e para processos petroquímicos no refino. Portanto, é importante destacar que, apesar de termos avançado com um projeto de lei que contempla a oferta de hidrogênio de baixo carbono, precisamos de algo que dialogue com os tomadores dentro do mercado interno brasileiro. Caso contrário, não conseguiremos viabilizar esse mercado, a não ser para exportação”, finalizou.
Também participaram da audiência a coordenadora-geral de Energias e Tecnologias de Baixo Carbono do Ministério de Minas e Energia (MME), Patricia Naccache; o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo; o analista de Inovação e Produtividade da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Jorge Boeira; a diretora-presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (ABRAGE), Marisete Fátima Dadald; o professor de Economia da UnB, Jorge Arbache; a diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos; a presidente-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado; o diretor de Novas Tecnologias da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Marcello Cabral; e o gerente interino do Centro de Tecnologias de Hidrogênio da Itaipu Parquetec, Adalberto Teógenes.
Assista à audiência na íntegra aqui.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/cfq-destaca-a-importancia-da-capacitacao-de-recursos-humanos-para-a-industria-do-hidrogenio-em-audiencia-publica/
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