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UFPR e ERT desenvolvem plástico sustentável com bagaço de cana

A UFPR, em parceria com a empresa norte-americana com sede em Curitiba ERT, está desenvolvendo um plástico biodegradável.


A Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com a empresa norte-americana com sede em Curitiba Earth Renewable Technologies (ERT), está desenvolvendo um plástico biodegradável a partir do bagaço da cana-de-açúcar. O resíduo agroindustrial já serviu como matéria-prima para bioplástico em pesquisas de outras instituições, mas a produção em escala industrial, que a empresa de plásticos sustentáveis pretende viabilizar até 2025, será um feito inédito. De acordo com os pesquisadores, a produção do produto em grande volume tem o potencial de mudar toda a cadeia de produção de plástico biodegradável do mundo por apresentar vantagens econômicas e ambientais.

A principal diferença deste para outros plásticos biodegradáveis é o preço de produção: atualmente, o mercado de bioplásticos utiliza como matéria-prima o chamado açúcar primário, feito do caldo da cana ou de outros vegetais ricos em amido. O custo da matéria-prima torna o processo muito mais oneroso do que o desenvolvido na pesquisa financiada pela ERT, em que o plástico do tipo PLA (poliácido lático) é produzido a partir do chamado caldo secundário, extraído do bagaço da cana-de-açúcar - um dos principais resíduos produzidos pela agroindústria brasileira, que corresponde a aproximadamente 30% da cana moída. Além disso, o processo emite menos gases de efeito estufa (GEE).

Luiz Pereira Ramos, um dos professores que estão à frente do projeto que é liderado pelo Departamento de Engenharia Química da UFPR, com apoio do Departamento de Química e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), garante que esse método de produção confere ao material final as mesmas propriedades dos plásticos biodegradáveis que podem ser adquiridos hoje. "Há ganhos no sentido econômico e na pegada de carbono, que é muito menor. O projeto oferece uma proposta de sustentabilidade muito mais sólida do que as outras opções que existem mundo afora", aponta.

A matéria-prima

O Brasil é o maior produtor de açúcar do mundo, e ocupa a segunda colocação mundial na produção de etanol - atrás apenas dos Estados Unidos. A principal matéria-prima desses produtos, a cana-de-açúcar, também tem a maior concentração mundial em terras brasileiras. Por isso, não é de se espantar que o bagaço da cana-de-açúcar seja um dos principais resíduos da agroindústria nacional. Enquanto usinas mais modernas destinam esse bagaço para a produção de energia, grande parte do resíduo é subaproveitado. O objetivo do projeto da UFPR e ERT é transformar esse subproduto da indústria sucroalcooleira em solução para minimizar os problemas gerados por resíduos plásticos de origem fóssil. Enquanto este leva até 500 anos para a decomposição completa, em condições ideais o plástico PLA precisa de apenas 180 dias.

"O Brasil tem tudo para ser um grande player no mercado de plástico biodegradável pela disponibilidade de matéria-prima", diz Kim Gurtensten Fabri, CEO da ERT. "O que estamos propondo com essa parceria com a UFPR é agregar valor a esse resíduo. O Brasil pode usar seu potencial agrícola para ser uma potência também na área tecnológica. Queremos entregar um plástico biodegradável orgânico e barato, além de contribuir para um mundo mais limpo e consciente", afirma Fabri. A expectativa da ERT é produzir 70 mil toneladas de bioplástico entre 2025 e 2027, a partir da utilização de 140 mil toneladas de bagaço de cana.

Aplicações

O PLA é utilizado principalmente para substituir plásticos de origem fóssil na fabricação de objetos de uso único, como copos, canudos, pratos, talheres e embalagens descartáveis, além das tradicionais sacolinhas de supermercado, uma das maiores vilãs do meio-ambiente. Esse bioplástico é compostável, ou seja, sofre decomposição biológica durante o processo de compostagem, transformando-se em água, dióxido de carbono e biomassa, sem liberar nenhum resíduo tóxico. Dessa maneira, uma sacola feita com esse material pode ser utilizada para o armazenamento de lixo orgânico e todo o conjunto pode ser decomposto de modo sustentável em uma usina de compostagem industrial ou com uma composteira doméstica.

Além desses produtos, o poliácido lático também pode ser utilizado na fabricação de bens duráveis, como explica Ramos. "Esses polímeros biodegradáveis podem moldar diferentes tipos de produtos, como objetos de decoração que podem permanecer na prateleira de forma estável. A umidade e o contato com o solo levariam à biodegradação, mas sendo mantido em um ambiente seco, o produto é duradouro", afirma o professor da UFPR. O plástico PLA também é um dos materiais mais populares na fabricação de objetos com impressoras 3D, por apresentar alto grau de dureza e brilho, além de ser fácil de utilizar.

Fonte:

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