Resinas recicladas ficam ainda mais valorizadas.
Durante muito tempo resinas recicladas foram relegadas a um plano subalterno, de produtos adequados apenas às aplicações pouco exigentes em qualidade.
Tal percepção vem se alterando aos poucos e, se ainda não dá para qualificá-las como alternativas em pé de igualdade com as equivalentes virgens – até porque varia enormemente a qualidade de diferentes plásticos reciclados, mesmo restringindo-se a comparação a um mesmo polímero –, já é possível visualizá-las em uma trajetória de crescente valorização.
Primeiramente porque, ao exigir o reaproveitamento das matérias-primas, o conceito de economia circular estimulou grandes marcas, dos mais diversos mercados – alimentos, bebidas, higiene e beleza pessoal, limpeza, entre outros – a estabelecer metas de sustentabilidade que incluem percentuais crescentes de resinas recicladas em seus produtos (ou nas respectivas embalagens).
Isso atraiu a atenção de vários dos principais componentes da cadeia do plástico, a começar pelas petroquímicas, agora muito atentos ao seu potencial de negócios.
Na atual conjuntura, as resinas recicladas ganham um apelo adicional porque, com a desestruturação provocada pela pandemia na cadeia petroquímica global, tornam-se alternativas ainda mais interessantes para substituir os plásticos virgens, cujos preços foram majorados de maneira acentuada.
A combinação desses dois fatores estabeleceu um movimento que em maio último gerou o que Maurício Jaroski, diretor de economia circular da consultoria MaxiQuim, qualifica como um “pico histórico” nos preços das resinas.
“Junho, normalmente um mês com demanda mais baixa, este ano teve muita demanda por resina reciclada, aliás, como aconteceu em todo o primeiro semestre”, relata Jaroski.
O preço do PP reciclado, por exemplo, segundo os dados da MaxiQuim, em maio último apresentou alta de 70% em comparação ao mesmo mês de 2020; no caso do PEAD reciclado, esse índice ficou próximo de 60% (ver adiante tabela com a evolução dos preços de resinas recicladas nesse período).
“Agora começa a haver uma leve correção, e creio que até o final do ano chegaremos a um patamar mais equilibrado de preços”, diz Jaroski.
“Mas creio que também no segundo semestre a demanda seguirá aquecida. A vacinação deve avançar, haverá mais consumo e com isso também mais material para reciclagem”, projeta.
Remunerando os custos – Mesmo expressivos, os aumentos de preços das resinas recicladas foram inferiores aos das equivalentes virgens, observa Rafael Sette, diretor comercial da Mtech, empresa localizada no Rio de Janeiro que recicla PE, PP, PS, ABS, PET-G e acrílico.
E seguem competitivos nesse quesito. “Hoje, vende-se um kg de PS alto impacto reciclado por R$ 11 ou R$ 12, e do virgem por R$ 15.
A resina reciclada de PP sai por R$ 12 o quilo, e esse preço sobe para R$ 16,50 no caso do material virgem”, compara Sette.
A elevação do preço do material reciclado, como ressalta, agora compensa um custo inexistente nas resinas virgens.
“Os atuais preços das resinas recicladas permitem pagar os custos da logística reversa”, observa Sette.
Segundo ele, a combinação entre a busca pela sustentabilidade e por matérias-primas com preços melhores realmente elevou bastante a procura por resinas recicladas.
Elevação que obviamente impactou a própria operação da Mtech:
“Temos atualmente capacidade para produzir 150 toneladas de resinas recicladas por mês e toda essa capacidade está ocupada”, afirma o diretor da empresa.
Por sua vez, a Plastimil atualmente preenche cerca de 1,5 mil t da sua capacidade total de produção de 2 mil t/mês de resinas recicladas.
Fonte:
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