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Professora de Química explica como fake news pode influenciar compras de alimentos

Sem prestar atenção, há quem leve pra casa produtos mais caros sem comprovação científica.

O que a química tem a ver com as compras de supermercado? Muito mais do que se pensa e saber o mínimo dela já ajuda a não ser enganado nem pagar mais caro pela falta de conhecimento. Um bom exemplo disso é o famoso sal rosa do Himalaia, há quem pague 15 vezes a mais por um produto que possui um marketing forte sobre um benefício que não foi comprovado cientificamente.

Outro produto que está cada vez mais fácil levar para casa, por engano, é o composto lácteo no lugar de leite em pó. Sem saber, os consumidores adquirem um produto de qualidade inferior, pagando o mesmo preço do produto de melhor qualidade ou até mais caro.

Em sala de aula, quando seus alunos perguntam “para quê estudar química?”, a professora e doutora em Química Drª. Maria Santiago, responde que saber um pouco de química é importante para fazer escolhas conscientes e saber quais produtos comprar.

Em seu ponto de vista, Santiago defende que é preciso desconstruir a ideia de que se algo tem química faz mal, e construir o pensamento questionador sobre quais substâncias químicas estão presentes no produto. A professora listou alguns exemplos de fake news envolvendo a química no cotidiano. Confira!

Sal rosa do Himalaia

Famoso por sua cor rosada e por supostamente ter mais benefícios do que o sal comum, cientificamente não há provas de que esse sal, de fato, seja melhor para a saúde. Segundo a revista americana Time não existem evidências científicas dos reais benefícios desse sal.

A professora Maria Santiago explica que o sal rosa do Himalaia tem os mesmos benefícios do sal branco. “Ele só não é tão processado, o que o deixa com a cor rosa, enquanto o sal comum passa por um processo de refinação e fica com a cor branca. Mas é importante saber que os dois tipos de sal são iguais quimicamente falando”, justifica. Ainda segundo a professora de química, os fornecedores cobram muito mais caro do que o sal comum por uma característica que supostamente esse sal tem.

“A linguagem científica é deturpada para que com o marketing você consiga agregar valor e vender mais caro. No final das contas a pessoa consome o mesmo produto, com o mesmo teor de sódio, só que paga mais caro pelo sal rosa do Himalaia por causa de um marketing equivocado”, frisa a doutora.

Leite em pó x Composto lácteo

“Trocar gato por lebre”, essa expressão representa bem o que acontece quando o consumidor compra composto lácteo achando que é leite em pó. As embalagens dos dois produtos são similares e, se não prestar atenção, a confusão é garantida.

Conforme explica a professora Maria Santiago, o composto lácteo é uma mistura de leite com outra substância, tendo em sua composição uma porcentagem de soro de leite. “Quando você compra leite em pó, aí tem-se o leite, mas o composto lácteo é feito em sua maior parte de soro de leite. O composto não faz mal à saúde, mas as pessoas precisam saber que estão pagando por um produto de qualidade inferior, que não é feito totalmente de leite”.

Na opinião da professora, essa informação tem que ficar visível nas embalagens, pois as pessoas têm que saber o que estão consumindo. Ela mesma já se confundiu e levou o composto achando que era leite em pó, já que estavam na mesma prateleira e com embalagens parecidas. Quando reclamou com o supermercado, exigindo mais atenção para o assunto, ouviu que não seria possível fazer o alerta uma vez que as pessoas não comprariam o composto lácteo. “No final das contas a indústria quer lucrar oferecendo um produto com qualidade inferior”, pontua a especialista em química.

Alisantes de cabelo

“Qualquer substância que a gente põe no cabelo tem química, seja para hidratar, condicionar ou fechar cutícula”, afirma a doutora em química Maria Santiago. Segundo a especialista, quando a pessoa diz que o produto é natural, sem química, está cometendo um equívoco científico grave.

Conforme explica a doutora, “qualquer substância que você usar no cabelo, que vai mudar a textura, tem química.” Mas não precisa parar de cuidar dos fios. “Normalmente estamos acostumados a aprender que tudo o que tem química é ruim, faz mal à saúde. Mas precisamos diferenciar as substâncias que fazem mal e as que são necessárias. Então quando for fazer um alisamento no cabelo é bom questionar qual é a substância presente no produto e saber se é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, destaca.

A doutora alerta, ainda, para o uso do formol, causador de reações perigosas para o cliente e, também, para cabeleireiro. “O formol, de fato, destrói o cabelo. Na primeira vez que você usa os fios ficam brilhantes, mas com a continuidade do uso pode desencadear vários tipos de reação como queimaduras e queda de cabelo. É perigoso e tem vários malefícios”, diz.

Fonte:

Conselho Regional de Química 2ª Região

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