Os jogos olímpicos de Tóquio, realizados em julho de 2021, vão ficar para a história por diversos aspectos.
Os jogos olímpicos de Tóquio, realizados em julho de 2021, vão ficar para a história por diversos aspectos, como a superação dos desafios da pandemia de Covid-19. Mas esse não é o único motivo.
Com o objetivo de beneficiar, além dos esportes, os atletas em si, a economia e o meio ambiente, o tema principal do evento foi “Seja melhor, juntos, para o planeta e as pessoas”.
Com isso, a Olimpíada de Tóquio 2020 abraçou pela primeira vez na história dos jogos modalidades como o skate, o surfe, a escalada esportiva, o caratê e o beisebol.
E foi além, abraçando também o cuidado ambiental, por meio de ações emblemáticas – e das quais, muito orgulhosamente, podemos citar a participação dos plásticos.
O pódio, utilizado nas premiações dos atletas, foi impresso em 3D com plásticos reciclados, recolhidos em lojas de varejo, escritórios e escolas, como parte de uma campanha educativa com foco no consumo responsável, descarte correto e reciclagem do material.
Ao subir nesse pódio, cada atleta recebeu uma medalha desenvolvida a partir da reciclagem de lixo eletrônico, descartado pela população japonesa.
Mais de 6 milhões de telefones e quase 80 mil toneladas de aparelhos eletrônicos – que também usam plásticos em sua composição – foram arrecadados, desmontados, fundidos e refinados para criar as variações das medalhas de ouro, prata e bronze.
Os uniformes usados pelos funcionários e voluntários foram feitos de poliéster derivado de garrafas PET recicladas.
Tudo isso sem falar na adoção de um Código de Compras Sustentáveis para a cadeia de suprimentos, serviços e produtos licenciados; do uso de energia renovável e luzes de LED nos locais dos jogos; do uso de madeira de reflorestamento nas construções; na confecção de mobiliário de papelão para os atletas na Vila Olímpica; na atenção aos meios de transporte com baixa emissão, entre outras ações.
Por fim, a organização dos Jogos se comprometeu a reaproveitar ou reciclar 65% dos resíduos gerados durante o evento, além de oferecer um novo uso para 99% dos itens utilizados especificamente nesta edição.
Estamos falando de uma nova era Olímpica de inclusão e não de banimento.
Estamos falando de um novo olhar para a Sustentabilidade, que inclui pessoas de diferentes origens, raças e credos; que inclui novas modalidades esportivas que abrem uma série de novas possibilidades para quem atua com o esporte e que pensa no cuidado com o meio ambiente de uma forma responsável, buscando o melhor uso de cada material, entre eles o plástico, assim como pensando na reinserção de cada material na Economia Circular.
Se o esporte evolui a cada Olimpíada, porque a sociedade não pode acompanhar essa evolução?
Se a resposta para o desenvolvimento socioambiental está na inclusão, já é tempo de repensarmos de forma racional, baseados em informações técnicas e científicas que comprovam e direcionam as melhores escolhas para o nosso consumo e o nosso descarte.
Se somos melhores juntos, para o planeta e as pessoas, é chegado o momento de entendermos a função de cada personagem social – a população, o poder público, a academia, a indústria, o varejo, o formador de opinião – na construção de um futuro mais consciente e responsável com o meio ambiente, com o desenvolvimento econômico e social.
A mudança é possível e urgente. Não há mais tempo para nos preocuparmos com os modismos ou com as falácias criadas em torno de produtos como os plásticos. Para que possamos contar o quanto evoluímos em nossa próxima Olimpíada, em 2024, em Paris, é preciso começar agora e de forma consistente.
Miguel Bahiense é graduado em Engenharia Química (UFRJ), pós-graduado em Comunicação Empresarial (FAAP/SP) e é presidente da Plastivida – Instituto Socioambiental dos Plásticos.
Fonte:
Conselho Regional de Química 2ª Região
Minas Gerais
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