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CRQ IV discute o mercado de elastômeros e polímeros

O mercado de elastômeros e polímeros (borracha) tem sido bastante afetado com o desabastecimento de matérias-primas, com reflexo na produção automotiva, de mineração e pneumática, entre outros.

O mercado de elastômeros e polímeros (borracha) tem sido bastante afetado com o desabastecimento de matérias-primas, com reflexo na produção automotiva, de mineração e pneumática, entre outros.

Para discutir o tema e trazer cenários sobre os problemas enfrentados pelas empresas produtoras, o Conselho Regional de Química da 4ª Região (CRQ IV) convidou para a live os técnicos em Química, Reginaldo Barbosa e Emerson Souza Merighi, e Carlos Eduardo de Santo, engenheiro químico.

Reginaldo Barbosa, formado pela Escola Técnica Oswaldo Cruz, foi o primeiro a falar, expondo o cenário atual do mercado de borracha (elastômeros). “A pandemia trouxe alguns problemas produtivos como a logística, mas existe uma luz no fim do túnel”, disse Barbosa. Segundo o técnico em Química, as empresas estão enfrentando diversos problemas relacionados aos custos de matérias-primas, energia, frete, e escassez de insumos importados, o que encarece o produto final.

O mercado de borracha se divide, hoje, em 55% dedicado à linha pneumática (fabricantes de pneus); 18% está com o setor automotivo (vedações de portas, tubos, retentores); a calçadista representa 12%, e a linha de mineração em torno de 8%. O restante (alimentos) é responsável por 7% do mercado.

“A borracha natural, devido a entressafra, está com o volume de produção em baixa, o que eleva os preços. Por sorte, a demanda dos pneumáticos está baixa, em geral o mercado não sofreu, não afetando os pequenos produtores de peças”, justificou.

Segundo o especialista, com mais de 35 anos de experiência em elastômeros e na fabricação de polímeros, o Estado de São Paulo detém 60% da produção de toda a borracha natural no País.

A GEB 10, a borracha natural mais utilizada e de maior produção no Estado de São Paulo tinha, em janeiro de 2021, um custo de R$ 5,40 direto da usina (produtor). Atualmente, o preço está em R$ 10,14, com previsão de aumento de 4% para o mês de outubro.

Ainda conforme o palestrante, o Brasil possui apenas 1,8% da produção mundial de borracha natural. A Malásia, a Tailândia e o Vietnã são os mais importantes produtores mundiais, respondendo por cerca de 90% da produção. “Utilizamos aqui cerca de 40% da borracha natural destes países, a custo de US$ 4,50. Mas, a importação está com problemas logísticos”, afirmou Barbosa.

A borracha de butadieno estireno (SBR), usada nas indústrias pneumáticas e calçadistas, está em falta no mercado mundial, e seu preço mais que dobrou nos primeiros seis meses de 2021. “Temos no Brasil, a maior e mais moderna planta do mundo para a produção de SBR, praticamente autossuficiente.

Outro problema que está se agravando é a falta de oxigênio para a produção de “negro de fumo”, principal carga para a fabricação da borracha. “Existem três grandes produtores nacionais, e que enfrentam desabastecimento. A demanda só será normalizada a partir de janeiro de 2022. O “negro de fumo” representa 30% da formulação da borracha para a linha pneumática e chega a 60% na linha automotiva.”

Os aceleradores, também utilizados na vulcanização da borracha, também estão escassos. “Não existe produção nacional e 90% do consumo vem de produtos chineses, que só vai ser regularizada a partir de dezembro deste ano. Isso é muito preocupante”, acrescentou.

Mas, nem tudo é ruim. Existem boas notícias. Apesar dos problemas enfrentados, o mercado de borracha está em expansão, com fábricas novas e investimentos estrangeiros, garante Barbosa. “As pneumáticas estão aumentando a produção de pneus para as montadoras, ultrapassando a reposição, tanta na linha leve como pesada.”

Para Barbosa, o setor de mineração e o agronegócio estão contribuindo para o aumento da produção de borracha. “Apesar de estarmos atravessando um momento difícil, eu acredito que, em breve, o mercado vai se ajustar e voltar um crescimento pré-pandemia”, anunciou Barbosa.

O técnico em Química, Emerson Merighi, fez uma abordagem sobre análises de casos fabris de borracha. Um dos problemas apresentados foi a deformação da borracha durante o processo de vulcanização. “A ação adotada para solucionar o problema foi desenvolver um novo composto, melhorando a sustentação do artefato durante a vulcanização”, esclareceu.

A deformação do artefato de borracha, durante a vulcanização, ocorria devido a baixa viscosidade do composto, causada pela quantidade excessiva de plastificante. “O artefato obteve maior linearidade devido a menor quantidade de óleo utilizado na formulação. Isso possibilitou uma maior sustentação no aquecimento no túnel de vulcanização”, explicou Merighi.

O segundo case apresentado foi sobre um ajuste na formulação do SBR da cor branca, pois o mesmo apresentava um amarelecimento na superfície da peça. “A avaliação adotada foi desenvolver um novo composto para evitar o amarelecimento da peça. Das matérias-primas alteradas para dar maior qualidade ao artefato estão o óxido de zinco e a parafina”, disse.

Merighi também apresentou melhorias em peças de vedação. A solução encontrada foi reaproveitar os resíduos (rebarbas) da peça. “Foram utilizados até 30% das rebarbas, material que iria para o lixo”, comentou. O palestrante mostrou exemplos de falhas na vulcanização de solas de calçados.

Segundo os dois especialistas, a aceleração de vulcanização é o processo mais recorrentes de problemas.

Projetos inovadores foi o tema da palestra do engenheiro químico Carlos Eduardo de Santo. Hoje, a tendência é a inovação aberta, salientou o profissional, que apresentou avanços para bombas de piscinas.

Carlos de Santo mostrou inovação nos clipes plásticos de embalagens de meias e roupas íntimas. “Hoje já existem diversos tipos de grampo que evitam rasgar o produto”, observou.

Revestimentos monolíticos anticorrosivos foi outro desenvolvimento apontado por Santo. Neste caso, a inovação ocorreu em grandes filtros de piscinas sujeitos à ação da oxidação, e que foram revestidos por resinas. “Eu ajudei a fazer a instalação da planta fabril em torres de resfriamento em ambientes corrosivos, utilizando novos compostos”, complementou Carlos.

O engenheiro químico finalizou sua explanação dizendo que a rotomoldagem, um processo de transformação de materiais poliméricos na produção de peças, está ganhando cada vez mais espaço, principalmente, na indústria 4.0.

Fonte:

Conselho Regional de Química 2ª Região

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