Especialistas são unânimes em afirmar que a regulação do mercado mundial de carbono é o principal mecanismo de redução de gases de efeito estufa.
Especialistas são unânimes em afirmar que a regulação do mercado mundial de carbono é o principal mecanismo de redução de gases de efeito estufa. No segundo ciclo de palestras on-line, realizado no dia 14 de outubro, e promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), os profissionais do setor químico industrial apresentaram as soluções que as organizações estão implementando em direção à economia de baixo carbono.
No início do evento, o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, destacou que a sustentabilidade tem a contribuição da Química e que indústria, academia e governos devem cooperar para o desenvolvimento econômico. Ele ainda pontuou que o Brasil, em breve, deve ocupar a quarta posição como um dos maiores produtores mundiais do setor.
Na visão do especialista em finanças do grupo de trabalho de Mudança do Clima do Banco Mundial, Alexandre Kossoy, a instituição vem se dedicando há bastante tempo com a questão ambiental e adotando medidas com a finalidade de financiar projetos sustentáveis.
Kossoy afirmou que nos países em desenvolvimento são gastos cerca de 400 bilhões de dólares, por ano, em eventos decorrentes de fatores climáticos. No Brasil, essa cifra é de 175 milhões de dólares por mês.
Com mais de 30 anos de experiência e diversos livros publicados, Kossoy ressaltou que os governos devem evitar investimentos em setores tradicionais e que gerem empregos imediatos, porque a tendência é que essas colocações já estejam na contramão de uma revolução tecnológica mundial.
“As políticas públicas devem criar condições favoráveis para investimentos privados, com a adoção de mecanismos de precificação de carbono. É mais eficiente internalizar e monetizar as emissões dos gases de efeito estufa. Existem 64 mecanismos de precificação e que já estão presentes há dezenas de anos”, lembrou o brasileiro.
Ainda segundo o especialista financeiro, a motivação para novas escolhas de matrizes energéticas não é só risco de perda de competitividade ou desaparecimento de empregos. “A indústria química tem um caráter transversal e é capaz de liderar essa transformação. As novas economias vão ser lastreadas em tecnologias de baixo carbono e modelos de negócios resilientes, com as novas condições climáticas, e que vão permanecer.”
Pensando nos eventos climáticos que forçarão milhares de pessoas (refugiados climáticos) a se deslocarem de suas regiões, o Banco Mundial destina US$83 bilhões em investimentos alinhados ao Acordo de Paris. “Os negócios e os investimentos serão impactados pelas mudanças climáticas e o capital já teria que estar hoje direcionado por esse fato. Até 2025, o banco terá todos os seus recursos alinhados ao Acordo de Paris. Estima-se que 200 milhões de pessoas serão forçadas a migrarem e 100 milhões de indivíduos poderão passar a viver na extrema pobreza”, reforçou.
Um exemplo de como as organizações estão se preparando para a emissão zero de carbono vem das unidades industriais da gigante Basf. O especialista em Estratégia, Frédéric Nyssen, disse que até 2050, a companhia terá atingido esta meta. “Assumimos com muita seriedade. Fizemos muito para reduzir as emissões em 60% até 2030, metas bastante ambiciosas com matrizes energéticas no modelo fotovoltaico e eólico.
Para Frédéric, o maior desafio é a regulação do mercado e o engajamento de clientes e fornecedores. A companhia projeta unidades de energia utilizando elementos químicos como amônia e hidrogênio, além da técnica de captura e armazenamento de carbono.
Já o diretor de Operações, Guilherme Faria da Silva, e o engenheiro de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, Daniel Gouveia, ambos da Rhodia Solvay, apresentaram os principais projetos do grupo – que possui 23 mil colaboradores pelo mundo -, para zerar a emissão de carbono, principalmente, na unidade localizada em Paulínia, no estado de São Paulo.
Segundo Guilherme Faria, a planta fabril já conseguiu reduzir 95% das emissões de carbono. A redução de gases de efeito estufa faz parte dos dez objetivos de sustentabilidade que o grupo Rhodia Solvay estabeleceu até o ano de 2030, no Brasil.
As ações em Paulínia, segundo o engenheiro Daniel Gouveia, incluem projetos de eficiência energética, redução de óxido nitroso (Projeto Angela), biomassas, entre outros.
O Projeto Angela, por exemplo, tem um abatimento de mais de 4 milhões de toneladas de CO2, anualmente. “Equivalem aproximadamente a retirada de circulação de 1 milhão de veículos. Já foram realizadas 67 auditorias”, disse.
Lançada no final de 2006, como um importante projeto voltado ao combate das mudanças climáticas, a unidade de abatimento de Óxido de Nitrogênio (N2O), batizado de Angela, é até hoje o maior projeto do gênero no hemisfério sul e um dos maiores do mundo. “O mundo caminha para a produção sustentável. Quem não se preparar vai deixar de existir”, mencionou Gouveia.
Fonte:
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Minas Gerais
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