Com a alta do petróleo, os biocombustíveis voltam a ser assunto de debate.
Com a alta do petróleo, os biocombustíveis voltam a ser assunto de debate. Na live, realizada no dia 13, pelo do Conselho Regional de Química da 4ª Região (CRQ IV), a professora e engenheira química Suani Teixeira Coelho fez uma análise da situação atual de biocombustíveis no Brasil e no mundo, em particular, considerando as perspectivas de produção de biocombustíveis com balanço de carbono nulo ou negativo. O evento on-line foi mediado por Maurício Cardoso Alves, membro da Comissão Técnica de Energia do CRQ-IV.
Suani Coelho disse que o tema é bastante atual e amplo, mesmo que no Brasil o programa de etanol já exista há mais de 40 anos. “Cada vez mais o conceito de biocombustíveis tem sido usado no mundo.”
Considerando aspectos como o Acordo de Paris e a próxima reunião da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow, na Escócia, entre 31 de outubro e 12 de novembro de 2021, a palestrante afirmou que entre 2009 até 2019 a composição da matriz energética mundial não teve mudança. “Nós continuamos tendo mais de 80% do consumo de energia oriundo de combustíveis fósseis”, garantiu.
De acordo com a engenheira química, em 2019, os biocombustíveis, no setor de transporte, significaram apenas 1% do consumo final de energia, apesar das vantagens socioeconômicas e ambientais de combate às mudanças climáticas, assim como, as ações referentes à emissão constante dos gases de efeito estufa (GEE). “O setor de transportes é o maior responsável pela emissão de gases de efeito estufa. O transporte, nos Estados Unidos e Reino Unido, é responsável por 29% e 25%, respectivamente, na emissão dos gases de efeito estufa.”
Ainda segundo a especialista, que integrou o Grupo Consultivo das Nações Unidas (ONU) sobre Energia e Mudanças Climáticas e foi secretária adjunta de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, no Brasil as maiores emissões vêm da mudança do uso da terra e da agropecuária. “Mas, no setor de energia há também um aumento”, complementou.
Suani argumentou que o Brasil, como os demais países que compõem a ONU, registrou compromisso no Acordo de Paris com metas e contribuições nacionais, entre elas: redução de 37% nas reduções dos gases de efeito estufa até 2025, e 43% no ano de 2030; e aumentar a participação de biocombustíveis, de forma sustentável, em 18% e de energia eólicas e hidro para 23%.
Os maiores produtores de biocombustíveis são os Estados Unidos (36%), seguido do Brasil (26%), com a produção de etanol e biodiesel.
O País possui um programa para o incentivo dos biocombustíveis. Se trata do RenovaBio, lançado pelo Ministério de Minas e Energia em dezembro de 2016. O Programa tem por objetivo expandir a produção de biocombustíveis no Brasil, baseado na previsibilidade, na sustentabilidade ambiental, econômica e social, e compatível com o crescimento do mercado. “Ele [programa] foi inspirado em políticas internacionais como na Califórnia (EUA), e a ideia é induzir ganhos de eficiência energética.
“São metas bastante ambiciosas. Quando se fala em aumentar a participação de biocombustíveis isso significa expandir a produção e o uso para uma faixa de 50 a 54 bilhões de litros por ano. Isso equivale a uma expansão, em relação ao ano base de 2016, de 330 milhões de toneladas de cana-de-açúcar adicionais.”
De acordo com o último inventário de 2010, “nós tínhamos emissões de gases de 2,8 gigatons de CO2. A nossa era reduzir 37% até 2025, no entanto, quando observamos a situação de 2015 e 2020, nós estamos com uma tendência de aumento das nossas emissões de gases.”
O Acordo de Paris tem como meta chegar ao carbono zero, mantendo a média de aumento da temperatura global abaixo de dois graus ou limitar a 1,5 grau.
Conforme a palestrante, considerando uma situação pós-Covid-19, a situação global é garantir uma recuperação econômica resiliente, gerando empregos locais, acelerando a transição energética junto com a agenda climática, e aproveitando oportunidades.
No Brasil existe uma área de 10 milhões de hectares ocupada com a plantação de cana-de-açúcar, que é responsável pela produção de 34 milhões de litros de etanol e 41% da demanda dos veículos leves. E a partir do bagaço de cana é gerado energia elétrica para o sistema interligado ou 6% do consumo nacional.
“O etanol é um biocombustível importante na estratégia para seguir descarbonizando de sua matriz energética e de veículos leves”, salientou.
Ao encerrar, Suani enfatizou que há, ainda, espaços contínuos para o aumento da produção de biocombustíveis e para as reduções dos gases de efeito estufa. “O setor pode responder a políticas e sinais de preço alinhados à descarboniação”, afirmou.
Assista à live completa em https://www.youtube.com/watch?v=mt5mgRQcuQ0&t=82s
Fonte:
Conselho Regional de Química 2ª Região
Minas Gerais
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