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Grupo consultivo para a crise climática divulga documento com diretrizes para a cop26

Hoje, 28 de outubro, o Grupo Consultivo para a Crise Climática estabeleceu critérios para uma COP26 bem-sucedida.

Hoje, 28 de outubro, o Grupo Consultivo para a Crise Climática (CCAG, da sigla em inglês) estabeleceu critérios para uma COP26 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática] bem-sucedida. O evento começa no dia 1º de novembro.

Em seu último relatório, intitulado ‘COP26: The Decisive Moment’, o grupo adverte que as negociações que vêm ocorrendo no âmbito da Cúpula COP26 não são suficientes para garantir um planeta habitável para as gerações futuras.

O CCAG demanda aos líderes mundiais que considerem o momento e a oportunidade que a COP26 traz, estabelecendo cinco compromissos climáticos que devem ser assumidos para garantir um planeta seguro para a humanidade, indo além das metas de emissões zero.

Por exemplo, pede mais ações internacionais de recuperação climática, como a restauração do gelo polar de verão, possibilitando impedir o aumento do nível do mar, que está em curso e contra o qual a humanidade tem muito pouca defesa ou resposta.

O CCAG propõe os seguintes compromissos climáticos:

Acordo para o fim do uso de carvão, petróleo e gás: ordenado, eficiente, rápido e justo – Um prazo único para o fim do carvão não é justo: alguns países precisarão de tempo para sustentar seu desenvolvimento enquanto realizam a transição energética. No entanto, os compromissos de redução de emissões por parte dos maiores emissores estimulam que esses países acabem com o uso de carvão o mais rápido possível – acelerando assim a transição global e também desenvolvendo estratégias e tecnologias que ajudarão as nações menos desenvolvidas. É provável que uma estratégia importante seja um preço universal para as emissões de carbono.

Acordo para estabelecer um preço sobre as emissões de carbono nos mercados, economias e geografias – Esta será uma parte central do processo de transição do carvão para fontes de energia renováveis. Subsídios perversos para energia baseada no carvão não devem sobreviver a tal acordo. Uma peça importante desse quebra-cabeça é desenvolver conexões e sinergias entre diferentes sistemas de mercado, para evitar lacunas.

Combustíveis de aviação e navegação devem ser tributados globalmente em linha com outros combustíveis fósseis – A anomalia do combustível de aviação estar fora dos impostos sobre carbono deve ser encerrada na COP26. Um anúncio e um cronograma são primeiros passos essenciais para dar o pontapé inicial na transição para a aviação e a navegação de baixo carbono.

Acordo para que países desenvolvidos financiem a remoção de GEE para reduzir os GEEs equivalentes de CO2 de 500 ppm hoje (incluindo metano, etc.) para 350 ppm até 210010 – O nível atual de GEEs equivalentes de CO2 já ultrapassa 500 ppm. Reduzir emissões por si só não vai resgatar a humanidade desta crise. O primeiro ponto de inflexão (perda de gelo marítimo na região ártica) já passou, o que gera efeito cascata. O aumento futuro no nível do mar e na temperatura já está muito além do controle humano. Devemos trazer os níveis de GEEs para menos de 350 ppm para gerenciar o futuro da humanidade. Embora as reduções nas emissões sejam cruciais para a sobrevivência a longo prazo, o CCAG também apoia ações para remover CO2 da atmosfera, em escala, de várias maneiras.

Um acordo entre as economias desenvolvidas para financiar o desenvolvimento e implementação de métodos para reparar o Círculo Ártico, de modo que o Mar Ártico seja novamente coberto de gelo durante o verão polar – O aumento desproporcionalmente rápido da temperatura no Ártico está amplificando as rápidas mudanças ao redor do mundo. A energia solar não é mais refletida pelo gelo no verão. Projetos de engenharia complexos foram concebidos para recriar essa reflexão da luz solar – como espelhos em órbita ao redor da Terra. No entanto, mais uma vez, existem soluções naturais que são mais promissoras, mais gerenciáveis e escalonáveis.

COP26: O processo formal – os três itens da agenda que devem ser alcançados:

O relatório detalha porque a própria COP é um processo legal, formal e limitado e expõe suas expectativas sobre os três itens principais que devem ser formalmente tratados na cúpula.

Pela primeira vez, o objetivo explícito da COP será encontrar um caminho para as emissões “líquidas zero”, usando os mecanismos do Acordo de Paris para estabelecer como o caminho para o limite de 1.5°C – 2.0°C deve ser monitorado e gerenciado. Esses processos definem a agenda formal para a reunião da COP26.

O CCAG acredita que os três itens a seguir são de extrema importância para garantir um mundo habitável para as gerações futuras:

Análise e alinhamento entre as metas de curto e longo prazo para reduzir emissões – Embora todos os países devam apresentar suas propostas para maiores compromissos de redução nas emissões de GEEs de CO2 (e CO2 equivalente), não há exigência no Acordo de Paris para que as propostas estejam alinhadas com o limite de 1,5 ° C – 2,0 ° C no aumento da temperatura. É de se esperar que lideranças fortes encorajam e permitam que compromissos ousados sejam assumidos. O CCAG defenderá fortemente esse alinhamento, transparência e escrutínio para garantir que os compromissos de curto prazo de cada país estejam alinhados com suas promessas de longo prazo.

Cumprimento das promessas de financiamento existentes e contínuo desenvolvimento para o futuro – A COP26 deve garantir os arranjos de financiamento acordados em 2009 e ratificados em 2010, para um Fundo Verde Global (GGF, da sigla em inglês) de pelo menos US $ 100 bilhões por ano por parte das economias desenvolvidas para apoiar as economias em desenvolvimento e menos desenvolvidas.

Os compromissos de financiamento devem ser definidos como um piso, não um teto, do que é necessário. O CCAG argumenta que, à medida que o caminho para entregar US $ 100 bilhões por ano seja desobstruído, mecanismos para acelerar o processo de arrecadação de fundos públicos também devem ser acordados. A ênfase seria no financiamento adaptativo, em face dos impactos climáticos que estão em curso, o que não é atualmente o foco do GGF.

Acordo político sobre a proteção de sumidouros de carbono na natureza – Os ecossistemas globais, na terra e nos oceanos, absorvem mais de 50% das emissões de GEE equivalentes de CO2. A natureza armazena mais carbono do que queimamos atualmente, e esses serviços ambientais cruciais devem ser garantidos e aprimorados. Acima de tudo, devemos reduzir a conversão e degradação dos ecossistemas naturais (como florestas, savanas, pastagens, turfeiras, manguezais). A COP26 tem a chance de harmonizar os vários esforços e atividades globais e dar-lhes novo impulso.

Este relatório é o quinto da série mensal do CCAG, iniciado em junho de 2021, e assinado por especialistas em clima de renome mundial em uma variedade de disciplinas.

A Acadêmica Mercedes Bustamante, que compõe o CCAG, destacou que o documento expõe de forma clara caminhos para que a COP26 atue na redução dos gases de efeito estufa. “Além da urgência de trabalhar a transformação das economias em direção à substituição da energia fóssil por meio de instrumentos econômicos, ciência, tecnologia e inovação, é preciso também atuar no sentido de conservar e restaurar os drenos naturais de carbono em ambientes terrestres e aquáticos”, explicou.

A Acadêmica lembrou também da importância do compromisso das maiores economias globais com o resto do mundo. “O suporte financeiro será essencial para uma transição justa e equitativa e também para permitir a adaptação de grupos sociais e países mais vulneráveis. Temos o processo (COP26) e o momento, com forte participação da sociedade e robustas mensagens da ciência”.

Fonte:

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