A cadeia química já trabalha com entregas concretas em relação à redução de gases de efeito estufa (GEE), e na busca de soluções.
Para o coordenador da task-force do Conselho Internacional das Associações de Química (ICCA) e diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto, a cadeia química já trabalha com entregas concretas em relação à redução de gases de efeito estufa (GEE), e na busca de soluções. O executivo fez a afirmação durante a última palestra do Seminário Abiquim de Tecnologia e Inovação 2021, realizada no dia 28 de outubro.
“Essas soluções foram analisadas do ponto de vista de implementação, e algumas eram mais viáveis do que outras em várias regiões do planeta e países. O uso de matéria-prima renovável pode retirar 270 milhões de toneladas de gases de efeito estufa”, comentou o executivo.
Ainda segundo Jorge Soto, é necessário um movimento da indústria e novas políticas, além da aceitação da sociedade e, claro, investimentos. “Se compararmos nossos produtos com outros países, a pegada de carbono é menor por conta das nossas fontes de energia renovável. Podemos ser líder, uma Arábia Saudita verde. Não podemos perder o ponto: inovar e financiar novos passos para sermos uma economia de baixo carbono.”
Para o empresário, o principal entrave no Brasil para a economia de baixo carbono é a falta de incentivos fiscais. “A nossa indústria é muito resiliente a dificuldades.”
No debate, o diretor de Sustentabilidade da Bayer Crop Science, Eduardo Bastos, declarou que a empresa já é comprometida com o carbono neutro e projetos de energia renovável.
De acordo com Bastos, o Brasil é responsável por alimentar cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, oriundas de proteína animal. “Temos vários desafios, como por exemplo, tornar os fertilizantes autossustentáveis e produtivos, além de ter um parque fabril mais forte. O horizonte é favorável, e podemos ser o maior do mundo em termos de sustentabilidade”, argumentou.
O gerente de Marketing Ruminantes para América Latina, da DSM, Tiago Acedo, disse que a sua empresa está focada em tornar a produção no campo mais eficiente. “Temos que melhorar o pasto degradado, fazer manejo de rebanhos e confinamento”, explicou.
Para Nei Arruda, líder de Sustentabilidade em Nutrição Animal, da Evonik, a indústria química é essencial para a produção de alimentos. “Abatemos cerca de 20 milhões de aves por dia.”
O segundo tema do evento foi sobre políticas públicas. E de acordo com o subsecretário de Regulação e Mercado do Ministério da Economia, Edson Silveira Sobrinho, o governo já investiu mais de 10 bilhões de reais em políticas para a chamada Economia Verde.
Recentemente, o governo anunciou um pacote de medidas econômicas de US$2,5 bilhões, baseado em infraestrutura verde.
O subsecretário também destacou o Plano Safra 2020/2021, onde foram disponibilizadas várias linhas de crédito para projetos de redução dos GEE.
O coordenador de Instrumentos de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Francisco Silveira dos Santos, fez um diagnóstico de como o setor privado aproveita os incentivos governamentais como a Lei do Bem.
“O Brasil tem um sistema de inovação robusto. Conversamos com países vizinhos e da Europa, percebemos que pelos instrumentos implantados, o País está bem aderente a outros países, membros da OCDE”, enfatizou.
Ele ainda lembrou que o Governo possui instrumentos genéricos como subvenção econômica, financiamentos em P&D, encomendas tecnológicas, incentivos fiscais, além de concessões de serviços públicos.
Também falou durante o evento, o coordenador de Meio Ambiente da Frente Parlamentar da Química (FPQuímica), deputado federal Rodrigo Agostinho. “Temos vários desafios. Não existe tema no mundo, daqui pra frente até nos próximos anos, que não seja a mudança climática. Temos uma nova revolução industrial, como foi a utilização do carvão mineral, gás e petróleo”, destacou.
Para o parlamentar, as lideranças mundiais estão sendo pressionadas para uma transição o mais rápido possível e com uma nova era de energia limpa. “Cada país vai ter suas próprias estratégias e o Brasil pode ser protagonista. Tivemos uma industrialização tardia. Temos matrizes energéticas baseadas na hidroeletricidade e o sucesso do Proálcool”, observou.
Idenilza Miranda, coordenadora da Diretoria de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), disse que a solução dos problemas passa por inovação. É fundamental para o crescimento econômico a competitividade. “A indústria é uma grande provedora de soluções tecnológicas para a Economia Verde, mas ela não executa sozinha. Precisamos de uma estratégia nacional robusta e da pesquisa das universidades. A Alemanha lançou um programa de 130 milhões de euros para a reestruturação do seu parque fabril”, salientou a coordenadora ao final do debate.
Fonte:
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