A EJ desta semana é a Scale Up, dos cursos de Química Industrial e Licenciatura em Química da UFOP, localizados no Campus Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto.
A 26ª edição do Encontro Anual da Indústria Química (ENAIQ) levantou desafios e oportunidades importantes para o setor. Transmitido pela internet no canal Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), no YouTube, o evento contou com a presença de estudiosos nacionais e internacionais, autoridades públicas e dirigentes da iniciativa privada.
O presidente do Conselho Diretor da Abiquim, João Parolin, lembrou que o setor químico nacional necessita de uma política de Estado, com longos prazos de investimentos e estratégias macroeconômicas. “O Brasil tem uma missão global com a produção de alimentos e biocombustíveis. Temos condições de gerar mais riquezas para o País”, revelou Parolin.
O dirigente também fez questão de ressaltar o projeto de lei sobre fertilizantes que tramita no Congresso Nacional e que é um assunto de grande relevância para a indústria química e o agronegócio, que depende de insumos importados.
Já por parte do Legislativo, o presidente da Frente Parlamentar da Química, na Câmara dos Deputados, o deputado federal Afonso Motta, defendeu a permanência do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), que quase foi extinto esse ano, além de propostas para melhorar a competitividade da indústria química brasileira
Ainda na esfera pública federal, o secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, almirante Flávio Rocha, disse que o governo tem consciência sobre a importância estratégica do setor para o desenvolvimento do País. E ainda aproveitou para anunciar a criação de um grupo interministerial para estudar um plano nacional para a área de fertilizantes, com a finalidade de “ampliar a produção, diminuir a dependência externa e expandir o agronegócio.”
O presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, expôs os primeiros resultados do desempenho da indústria química brasileira. O faturamento do setor, em 2021, deve fechar em cerca de US$142 bilhões. “Mas, ainda temos uma preocupação com relação ao ritmo crescente e exponencial da importação de matérias-primas. Um déficit da balança de 46 bilhões de dólares”, afirmou Marino.
Segundo o executivo, os produtos químicos para uso industrial tiveram um crescimento na produção de 4,5%,enquanto as vendas subiram 2,7%. Os estoques estão regularizados. Ainda existem incertezas para o ano que vem sobre o preço do gás natural, que também é matéria-prima para a indústria química.”
Para Ciro Marino, são fatores exógenos, como os incentivos fiscais oferecidos pelos países que competem com o Brasil.
Perspectivas da economia global e seus impactos na indústria química
O economista Paulo Gala, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo e Fundação Getúlio Vargas, fez uma comparação entre a produção nacional e outros países.
Para ele, os países latino-americanos ainda não alcançaram um nível tecnológico que permita um crescimento contínuo e rápido. “O Brasil é capaz de produzir todos os produtos químicos existentes no parque instalado. Porém, exporta apenas meia dúzia de produtos”,
Gala disse que o desafio do Brasil é se transformar numa plataforma de exportação. “O País tem um grande potencial de mercado, mas o setor é concentrado em países ricos.”
Andrew Walberer, sócio da Kearney, nos Estados Unidos, afirmou que a pandemia de Covid-19 acelerou a corrida para a indústria 4.0.
Além disso, segundo o empresário americano, as empresas estão focadas em investimentos digitais e integrados com as estratégias de negócio, o que foi impulsionado pelo trabalho remoto, que trouxe autonomia e ampliou a base de talentos, que pode estar em qualquer parte do planeta.
Mas, o discurso mais esperado foi do ministro da Economia, Paulo Guedes, que destacou que o Governo tem como linha mestra uma reforma estruturante do estado brasileiro e que a administração federal conseguiu reverter gastos excessivos.
“O jogo, no ataque, é a transformação do estado brasileiro, marcos regulatórios e a economia de mercado”, destacou Guedes.
O coordenador do Comitê para o Desenvolvimento Sustentável da Abiquim, e presidente da Evonik para América do Sul e Central, Elias Lacerda, falou sobre as práticas ambientais, sociais e de governança empresarial.
Na percepção do coordenador, a indústria química tem como pilar a economia aliada à sustentabilidade.
Mariana Maraccini, coordenadora do Grupo Multidisciplinar sobre Mudanças Climáticas, Diretora de Estratégia e Transformação de Product Supply para a América Latina, disse que a realização da COP-26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021), realizada este ano, “chacoalhou” o mundo e que a indústria química tem muito a contribuir para a economia de baixo carbono e a transição energética.
De acordo com Mariana, o Brasil se comprometeu em combater o desmatamento e buscar novas fontes de energia.
“A indústria química está próxima do conceito de economia circular, com operações seguras e eficientes, transparência nos processos e cadeia produtiva integrada com o desenvolvimento sustentável”, declarou Rodolfo Viana, coordenador do GT Economia Circular e Gerente de Sustentabilidade da Basf para América do Sul.
Entusiasta do Brasil, o professor e doutor James Clark, da University of York, no Reino Unido, afirmou que os países não podem continuar extraindo matérias-primas como se fossem eternas. “Precisamos ser mais circulares. O Brasil é abençoado, tem uma biomassa incrível extraída da cana-de-açúcar, e outros caroços e sementes. A química verde veio para ficar”, complementou o cientista.
No evento on-line foram anunciados os vencedores do Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia, da Abiquim, que tem como objetivo estimular a pesquisa e a inovação na área química no País, reconhecendo projetos de inovação tecnológica na área química. E uma homenagem aos estudantes vencedores da Olimpíada de Química.
Fonte: http://cfq.org.br/noticia/enaiq-2021-promovendo-avancos-protegendo-vidas/
Fonte:
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