Guilherme Dantas escreve como o biorrefino no Brasil apresenta condições para produzir químicos de alto valor agregado.
O atual ciclo de alta de preços do petróleo e seus derivados traz à tona a tradicional discussão sobre os impactos econômicos da dependência do petróleo, sobretudo quando o atendimento da demanda ainda requer a importação de consideráveis montantes de combustíveis. A atual crise do diesel no Brasil é bastante ilustrativa desta problemática.
Adicionalmente, considerando as diretrizes em nível mundial de descarbonização do setor energético, ainda devem ser considerados os impactos ambientais do uso em larga escala de derivados de petróleo.
Por ter quase a totalidade de sua demanda energética atendida com base em combustíveis produzidos a partir do petróleo, o setor de transportes é especialmente sensível a choques de preços e apresenta dificuldades relevantes no uso de fontes renováveis de energia.
Neste contexto, justifica-se historicamente o fato de os biocombustíveis serem tidos como parte do processo de transição energética do setor de transportes. Entretanto, o uso em larga escala de biocombustíveis continua restrito.
Mais do que o consumo de biocombustíveis permanecer muito aquém do desejável, em anos recentes o interesse pela promoção de biocombustíveis foi arrefecido em função do início do processo de difusão de veículos elétricos e de questionamentos acerca da sustentabilidade dos processos de produção dos biocombustíveis.
No que tange às implicações da difusão de veículos elétricos, é preciso considerar que a aplicação desta solução pode apresentar limitações em alguns modais. Especificamente no segmento de veículos pesados, onde tipicamente são utilizados motores Ciclo Diesel, a opção pela eletrificação da frota pode não consistir na melhor alternativa.
Concomitantemente, a questão do uso da terra não pode ser examinada de forma generalista, pois os impactos dependem de diversos fatores, dentre os quais, o tipo da matéria prima utilizada, a produtividade agrícola da matéria prima e o tipo de terra — incluindo sua utilização anterior — onde a cultura da matéria prima do biocombustível será implementada.
Como ilustração de possível rota de uso de biomassa para fins energéticos em bases sustentáveis, pode ser mencionado o aproveitamento de matéria lignocelulósica advinda de resíduos agrícolas. A produção de etanol a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar é uma típica iniciativa neste sentido.
Outro exemplo são as possibilidades de cultivos em áreas degradas, como por exemplo, o uso destas áreas para a produção de biodiesel a partir do óleo de palma.
Fonte: https://epbr.com.br/precisamos-falar-de-biorrefinarias/
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