A mandioca, também conhecida como macaxeira ou aipim, é um dos principais alimentos nativos consumidos na América do Sul.
A mandioca, também conhecida como macaxeira ou aipim, é um dos principais alimentos nativos consumidos na América do Sul. Ela possui grande valor nutricional e diversas formas de consumo. E pensando nesse produto acessível, unindo a extração do seu amido aliado aos compostos bioativos produzidos por fungos amazônicos, um estudo via Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), pretende criar curativos que podem ser utilizados para o tratamento de câncer de pele.
A partir desses materiais oriundos da biodiversidade amazônica foi realizada uma pesquisa, de forma colaborativa entre pesquisadores do AM e de SP, com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sob a coordenação da doutora em Química, Patrícia Melchionna, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da doutora em Engenharia Química, Mariana Agostini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Patrícia Melchionna explica que o amido da mandioca serve de matriz para a incorporação dos metabólitos produzidos pelo fungo amazônico. Esse amido é extraído da mandioca e dele é feito um filme. Neste filme é incorporado o extrato fúngico. Para obtenção do extrato fúngico, o microrganismo é cultivado em meio líquido contendo os nutrientes necessários para seu crescimento, onde ele vai produzir substâncias que apresentam atividade citotóxica contra células tumorais. “O que é realmente interessante do projeto é juntar essas expertises diversas para desenvolver um produto que pode contribuir para um problema muito sério que seria o tratamento do câncer de pele”, ressalta.
No projeto, é proposto o desenvolvimento de membranas de amido extraído da mandioca, que possam atuar como dispositivos de liberação controlada de fármacos com efeito cicatrizante e anticancerígeno, sendo estes produzidos por fungos isolados de espécies vegetais da região amazônica, explica a coordenadora Patrícia Melchionna.
Segundo Melchionna, esses curativos poderão ser aplicados diretamente na pele. “Uma vez que o nosso curativo encosta na pele, o filme de amido vai liberando aos poucos essas substâncias, isso é o que chamamos de liberação controlada. É interessante porque o princípio ativo que está ali no curativo se mantém numa concentração ativa para a liberação contínua dos fármacos. A liberação controlada mantém a concentração ideal para o tratamento ao longo do tempo, sendo liberada de forma mais uniforme, sem os picos de concentração que ocorrem quando a gente está administrando remédios via oral, por exemplo”, pondera.
Os dispositivos possuem potencial de substituição de filmes e patches transdérmicos, que utilizam materiais sintéticos em sua composição. “Então, nós já produzimos o extrato em grande quantidade. O filme foi feito em São Paulo, todas as propriedades químicas e mecânicas do filme já foram definidas. E agora estão sendo feitos testes de incorporação e análise da liberação controlada”, reforça.
Parceria de sucesso
Segundo a coordenadora o projeto, Patrícia Melchionna, o lançamento da chamada pública em parceria entre Fapeam e Fapesp foi muito importante para a aproximação dos pesquisadores da UEA e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com os cientistas da Unifesp. “Todo o projeto foi escrito durante a pandemia e todos colaboraram. Vimos que juntando os conhecimentos poderíamos criar esse produto que tem grande potencial”,recorda.
Essa integração multidisciplinar entre os pesquisadores dos dois Estados possibilita a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico de ambas as regiões. O projeto representa a integração das áreas do conhecimento de Biologia, Biotecnologia, Química e Engenharia. “Então, a ideia é que cada professor desenvolva aquilo que lhe compete e, assim, a gente tenha essa perspectiva de criar esse produto, um curativo, que auxiliaria no tratamento de lesões, a princípio de câncer de pele”, disse.
Integram a equipe de pesquisa os docentes do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Unifesp: Priscilla Carvalho Veggi e Juliane Viganó; da Ufam, Pedro Henrique Campelo Felix e Marne Carvalho de Vasconcellos; a bolsista de apoio técnico, Anne Terezinha Fernandes de Souza, graduanda em ciências biológicas da UEA; e o estagiário de pós-doutorado, Lucas Falcão.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/mandioca-e-fungos-amazonicos-podem-ser-aliados-no-tratamento-contra-o-cancer-de-pele/
Fonte:
Conselho Regional de Química 2ª Região
Minas Gerais
Rua São Paulo, 409 - 16º Andar - Centro, Belo Horizonte - MG - 30170-902
(31) 3279-9800 / (31) 3279-9801