IX Fórum de Ensino Superior – Importância de investimentos estratégicos do setor Químico no Brasil e as perspectivas profissionais.
Indústria Química, investimentos e educação foram alguns dos temas abordados durante o “IX Fórum de Ensino Superior – Importância de investimentos estratégicos do setor Químico no Brasil e as perspectivas profissionais”, promovido pelo Conselho Regional de Química da 4ª Região (CRQ-IV) nessa quarta-feira (19). O evento foi realizado a partir de uma demanda da Comissão Técnica de Ensino Superior do CRQ-IV de aprimorar os conhecimentos de profissionais do setor.
Para o debate, foram convidados Fernando Galembeck, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Materiais Complexos Funcionais (INCT Inomat/Unicamp), e Ciro Mattos Marino, ex-CEO da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM). Maria Aparecida Carvalho de Medeiros, professora doutora da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas (FT-Unicamp), mediou o encontro.
Galembeck fez um retrospecto do cenário nacional e internacional nas décadas passadas em relação aos investimentos estratégicos no setor e traçou um paralelo até aqui. Na opinião dele, “a Química é importante e vai continuar sendo. Hoje, é o 7º maior setor econômico e o 2º em taxa de crescimento. Minha análise é que o produto químico nos ajuda a fazer um prognóstico do crescimento econômico de uma nação. Então, se alguém quiser saber se o país está avançando ou não, basta olhar o produto químico local”.
Ele ressaltou ainda que é preciso observar as mudanças de cenários que acompanham o Brasil. “Estamos em uma época de grande desafio. Sem a pandemia, já havia muitas preocupações. Na década de 1980, o mundo já mostrava uma tendência no aumento da população, na demanda por alimentos, energia, matéria-prima, criando escassez de produtos naturais e com previsão de colapso. Hoje, a biodiversidade é frequentemente apontada como oportunidade de inovação, mas não estamos aproveitando isso por conta de uma regulamentação castradora”, criticou.
Sobre ensino e pesquisa, Galembeck destacou que a educação brasileira apresenta problemas. “Poderíamos ter mais doutores. Vejo o mau desempenho de estudantes e profissionais e me pergunto se não estamos com a balança desequilibrada. Quais são as metas de ensino? Os professores e alunos estão atualizados? Estão dominando o conteúdo? Os alunos não são estimulados a usarem as mãos, há um desprezo pelas atividades manuais e à memória”, elencou.
E finalizou: “é importante reconhecer que as mudanças ocorrem em tudo, na maneira de se fazer Ciência, no conhecimento científico. Existem novos paradigmas científicos que há 20 anos provocavam riso nas pessoas e hoje estão sendo provadas em muitos laboratórios. Há novos modos de se fazer Ciência”.
Já Ciro Marino fez uma projeção de como o Brasil pode ser visto nacional e internacionalmente se focar na Indústria Química. “Em relação à geopolítica, o reequilíbrio global vai beneficiar o Brasil. A Indústria Química é o setor de maior impacto nas economias, principalmente em países emergentes. Além disso, a Indústria Química brasileira é a mais sustentável do mundo, com energias renováveis e desfossilização da economia global”, resumiu.
Ciro defende que o Brasil é capaz de passar do atual 6º para o 4º lugar entre as Indústrias Químicas do Mundo. “A nossa indústria é diversificada e sofisticada. E temos vantagens competitivas, como gás natural, mercado consumidor, energias renováveis, biomassa e mineração. Aliás, em relação à mineração, temos a tabela periódica toda disponível para ser explorada aqui no Brasil”, brincou.
Mesmo com otimismo, Ciro mostra que ainda há desafios a serem superados. “É preciso desenvolver uma estratégia de Estado, não de governo, para a Indústria Química no Brasil. O país ainda não tem isso para nenhum segmento, mas para o setor Químico é imperativo, pois a produção requer um ciclo de investimento muito grande por ser um processo longo. E é impossível que o governo faça esse trabalho sozinho, assim como a iniciativa privada. É preciso que os dois setores trabalhem juntos. Desse modo, podemos ser a 4ª Indústria Química no mundo em 30 anos, com reequilíbrio global das cadeias de suprimento, internalização de produtos, novos mercados e aplicações”, explicou.
Assista aqui ao evento completo:
https://www.youtube.com/watch?v=Ow_3GjBu2ig
Palestrantes
Ciro Mattos Marino é graduado em Engenharia Mecânica Automobilística pelo Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana Padre Saboia de Medeiros (FEI) e pós-graduado em Marketing, Finanças e Recursos Humanos pela Fundação Vanzzolini da Universidade de São Paulo (USP). Tem certificação em Administração de Companhias Abertas e funções correlatas no Comitê da Bolsa de Valores pela Fundação Dom Cabral/INSEAD. Possui 40 anos de experiência na Indústria Química. É ex-presidente do Conselho e CEO da empresa Cristal Pigmentos do Brasil SA, trabalhou para a Rhodia/Rhone-Poulenc e Air Products antes de ingressar na Millennium Inorganic Chemicals. No terceiro setor, é o ex-CEO da ABIQUIM e ex-membro do Conselho de Administração. Conselheiro da ABNT – Normas Técnicas Brasileiras, membro do Fórum Nacional da Indústria da Confederação Brasileira da Indústria (CNI) e atua como embaixador da Fundação Dom Cabral, exercendo a função de promoção e atualização em assuntos relativos ao Desenvolvimento de Conselheiros como voluntário. Ingressou no Conselho Diretor da Associação Brasileira das Indústrias Químicas em 2006 e, entre 2010 e 2019, atuou na Comissão de Relacionamento com Governamental que, na Frente Política, apoia as atividades da Frente Parlamentar da Indústria Química em Brasília.
Fernando Galembeck é bacharel e doutor em Química, formado na USP, onde iniciou sua carreira docente em 1965. Em 1980 mudou para a Unicamp, onde chegou a professor titular. Dirigiu o Instituto de Química e foi coordenador-geral da Universidade. Atuou em Físico-Química, Química de Polímeros, Coloidal, de Superfícies, de Materiais e Nanotecnologia. Autor de mais de 260 artigos e inventor listado em numerosas patentes, sempre trabalhou com empresas inovadoras, produzindo resultados econômicos. Recebeu muitos prêmios, sendo os mais recentes o CBMM de Tecnologia, Kurt Politzer (Abiquim) e Abrafati (2020). Atualmente, coordena o INCT Inomat, atuando na Unicamp e na Galembetech Consultores e Tecnologia Ltda.
Maria Aparecida Carvalho de Medeiros é professora doutora, regime de dedicação integral da Faculdade de Tecnologia-FT, Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP, campus de Limeira. Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mestrado em Química pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Química pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), pós-doutorado na área Ambiental pela Universidad de la Rioja (Espanha).
Fonte:
Conselho Regional de Química 2ª Região
Minas Gerais
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