Qual o papel das ciências básicas para o desenvolvimento sustentável? Foi com esse questionamento que a professora doutora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Arlene Gonçalves Corrêa comandou o minicurso sobre “Química verde: fontes renováveis como matéria-prima”, durante o 32º Congresso Latino-Americano de Química (CLAQ 2022), realizado entre os dias 14 e 18 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

O minicurso foi um dos momentos de debates promovidos pelo CLAQ 2022, que também sedia o 61º Congresso Brasileiro de Química (CBQ). O Sistema CFQ/CRQ’s participa do evento com o objetivo de destacar a importância da Química, da Ciência e da Pesquisa para sociedade, indústria e setores relacionados.

Segundo a professora Arlene, “a Química tem papel importantíssimo dentro dessa discussão de desenvolvimento sustentável. Como Profissionais da Química, temos muita responsabilidade nessa questão. É preciso promover uma discussão em todos os ângulos, além dos muros das academias, é nossa obrigação levar a informação correta, de qualidade e baseada na Ciência”, opinou

Ela lembrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou que 2022 é o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável . “A Química é uma das Ciências básicas mais importantes nesse contexto, porque o Químico pode influenciar ou desenvolver processos para energias limpas, produção de materiais mais sustentáveis, purificação de águas, de ambientes. Por isso, o Profissional da Química é fundamental nessa discussão e produção.”

Durante o minicurso, a professora lembrou que a Química circular e a verde estão mais presentes do que imaginamos. “Esse processo constitui em substituir o uso-descarte utilizando a eficiência dos recursos e preservando a matéria-prima, isso a partir da reciclagem, reutilização”, resumiu.

“Vários pontos dentro da Química circular são semelhantes aos princípios da Química verde, pois focamos no mesmo ponto, como otimizar a eficiência da fonte, economia atômica e eficiência do processo”, complementou Arlene.

Sobre eficiência energética, Arlene destacou que os métodos devem ser conduzidos sempre que possível à pressão e à temperatura ambientes para diminuir a energia gasta durante um processo Químico, o que representa impacto econômico e ambiental. Para complementar a pesquisadora apresentou um estudo no qual utilizaram três métodos para realizar aquecimento na síntese de biodiesel: convencional, micro-ondas e o ultrassom. Em todos os parâmetros analisados, os aquecimentos alternativos superaram o convencional, sugerindo que é urgente a necessidade de reinventar as formas em praticamos a Química atual. “Uma opção para evitar desperdício de energia é substituir o aquecimento convencional por fontes de energia alternativas, como fotoquímica, eletroquímica, micro-ondas, ultrassom, energia mecânica”, sugeriu.

Entre outros pontos, a professora da UFSCar destacou, ainda, que a Química está presente em quase todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e que hoje devemos enxergá-la de maneira diferente.

“É importante lembrar que a Química tem sido sempre muito ligada à questão da contaminação ambiental. Mas com os processos sustentáveis e verdes, a gente desmistifica essa parte. A Química sempre foi muito importante no setor de fármacos, pois tudo que a gente usa vem da Química. A Química infelizmente contribuiu no passado para a poluição, mas hoje não mais. Hoje a Química é solução para isso”, enfatizou a palestrante.

Congressos

O 35º Congresso Latino-Americano de Química e o 61º Congresso Brasileiro de Química são realizados entre os dias 14 e 18 de novembro no Hotel Windsor Florida, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O evento, 100% presencial, conta com conferências, palestras, debates e minicursos e recebe participantes de todo o Brasil e da América Latina. Ambos são organizados pela Associação Brasileira de Química (ABQ).

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/claq-2022-minicurso-destaca-importancia-da-quimica-verde-e-desenvolvimento-sustentavel/